segunda-feira, 23 de agosto de 2010

DA BANCADA PARA O CAMPO!

O sítio Especialistas da Base Aérea 12 (Guiné, 1965/1974) publicou em 26 de Março de 2009, um interessantíssimo episódio assinado por António Maria Dâmaso (na foto), na altura Sargento-Mor Pára-quedista. Com a devida vénia, aqui estou a divulgar este acontecimento. No princípio do ano de 1974, influenciado por um filho da Terra que estava na Marinha, aventurei-me a tirar um Curso de arbitragem na Associação Provincial de Árbitros da Guiné.
Primeiro vieram os exames teóricos e só depois é que veio a prática no campo.
Começámos em fiscais de linha, de juniores e reservas, depois principais e por último começámos a apitar os Juniores e Reservas até que veio o 25 de Abril.
Além da documentação que me foi fornecida no Curso, comprei o Best-seller da altura em arbitragem que foi o livro do antigo árbitro Inácio de Almeida.
Lembro-me que nesse tempo eram árbitros de futebol de 11 dois Sargentos da FAP-Força A, um era o Bergano, que apelidavam de árbitro de meio campo, quer dizer que por estar gordo e com falta de preparação, não acompanhava as jogadas na diagonal do campo, limitando-se ao centro, isto é o que diziam as más-línguas.
O outro que não me lembro o nome, foi irradiado porque num jogo em que estava em Fiscal de Linha, começaram a chamar-lhe nomes a ele e família toda, não esteve com meias medidas, pegou na bandeirola, coloco-a ao lado do corpo em posição de tourear e virou-se para a bancada.
Voltando à minha experiência, fui um dia fazer de Fiscal de Linha no Campeonato Principal, entre um jogo de uma equipa de Bissau e o Mansoa, fomos de táxi e fui prevenido para a viagem com uma pistola de defesa pessoal calibre ponto 22, que deixei no cacifo.
Durante o jogo todo, tive sempre nas minhas costas, um indivíduo de raça negra Natural, que me perseguiu durante todo o jogo, pronunciando as palavras (filha puta).
Confesso que tive vontade de lhe dar com a bandeirola na mona, mas a custo consegui conter-me por pensar que aquele indivíduo tinha sido instrumentalizado para desempenhar aquele papel.
Penei bastante porque os jogos em Bissau começavam na hora de maior calor, lembro o último jogo que apitei, entre Reservas, que no final do jogo expulsei três jogadores por se terem envolvido em pancadaria.
Durante o jogo, um ou outro, veio-o me mostrar uma meia com uma nicada, por uma entrada mais dura, claro que devia ter separado a minha formação que tinha recebido nas Tropas Pára-quedistas de Instrução Dura, Combate fácil, cada vez que eu entrava num campo de jogos saía de lá a sangrar, esqueci que estava numa realidade diferente e porque apesar de dominar algumas palavras em crioulo, haviam muitas que não dominava e eles iam trocando.
Na crítica do meu conterrâneo Aires que era Instrutor, disse que eu em vez de ter o jogo na mão, andava a ver o jogo.
Agora transpondo a minha experiência da antiguidade para a actualidade, no jogo da taça da liga no Algarve, na minha opinião, o árbitro não quis de início estragar a festa mostrando cartões, o que os jogadores não quiseram compreender, depois deu no que deu.
Como dizia o meu Filho da Terra Aires, o árbitro e os seus fiscais andaram a ver o jogo.
Sou simpatizante do Sporting, entendo que toda a gente tem de honrar a camisola.
Quanto ao Benfica, devem estar caladinhos, e lembrar-se nos jogos efectuados naquele Campo que se ganharam alguma coisa foi com erros de arbitragem.
Quanto a nós todos, acho que nos devemos preocupar com o que nos espera e tenho tudo dito.
Saudações Aeronáuticas.
Dâmaso

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