segunda-feira, 4 de outubro de 2021

ESTADO DA ÍNDIA – I SÉRIE – AGRUPAMENTO AFONSO DE ALBUQUERQUE (GOA) – 1º DE 36 EPISÓDIOS

AGRUPAMENTO AFONSO DE ALBUQUERQUE

ARMAS

Artilharia, Cavalaria e Infantaria

UNIDADE MOBILIZADORA:

Comando Territorial Independente do Estado da Índia

-Tropa portuguesa a defender o território-

 DATA DA SUA CRIAÇÃO:

 

-A estátua de Infante Dom Henrique vandalizada-

AQUARTELAMENTO:

Navelim, a cerca de 3 quilómetros de Margão.

LOCALIDADES À SUA GUARDA

Agaçaim, Bali, Butpal, Canácona, Chichinim, Cortalim, Curchurem, Margão, Maxem, Navelim, Nuvem, Ordofondo, Poinguinim, Polem, Pondá, Quepem, Sanguem,Vasco da Gama, e os rios Sal e Zuari.

ÁREA DE ATUAÇÃO EM 18.12.1961:

De harmonia com o Plano de Operações “Sentinela”, que visava a retirada faseada das forças portuguesas da fronteira até à costa, cuja entrada em vigor seria quando se iniciasse a invasão, o Agrupamento defenderia o Centro e Sul de Goa.

COMANDANTE:

José Maria da Silva Rangel Almeida, Major

COMPOSIÇÃO:

Comando do Agrupamento (23 militares), vem a ocupar posição perto da Igreja de Nuvem e, depois, os escritórios dos Estaleiros Navais de Goa, à entrada da cidade de Vasco da Gama; Bataria de Artilharia 1 (tropas naturais), do Alto de Margão (29), destacada para o Alto de Margão, Dabolim, Depósito de Águas, Nagoá, Nuvem e Torçanzori a); Companhia de Caçadores 3 (naturais), de Pondá (54), menos um Pelotão, destacada para Angediva, Candeapar, Curdi, Opa e Usgão, a); Contudo esta Companhia teve quase a totalidade do seu contingente desertor no próprio dia 18 de dezembro; Companhia de Caçadores 10, de Navelim (189), destacada para Angediva, Borim, Chinchinim, Nuvem, Parodá, Rio do Sal e Vernã; Esquadrão de Reconhecimento 3, de Pondá (30), destacado para Curdi, com Pelotões em Loutolim, Maina, Molem, Quepem e Sanguem, retirou para junto do quartel, em Navelim; e Esquadrão de Reconhecimento 4, (147) de Bali, destacado para Canácona, Ponte de Ordofondo, Dabolim e Quepem. Os elementos da Polícia do Estado da Índia e da Guarda Fiscal, depois de cumprirem as ordens que lhes estavam destinadas, concentrar-se-iam na Península de Mormugão.

NOTA:

a) dados incompletos, por não terem sido encontradas as listas com os nomes das Praças, naturais do Estado da Índia, que pertenciam a esta unidade militar.

CONTINGENTE:

462 Militares.

OFICIAIS: 5

Amadeu Nunes Duarte, Capitão; Carlos Alexandre Morais, Capitão; Hernâni Olímpio Carquejo, Alferes; José Moreira Silva Rangel Almeida, Major e Paulo Coelho Silva Portela, Alferes.

SARGENTOS: 7 

Alcino Manuel Pires, 2º Sargento; António Manuel Sousa, 2º Sargento; Belchior Alves Carneiro, 1º Sargento; José Carlos Pereira Costa, Furriel; José Gomes Brandão, Furriel; José Maria Oliveira Braga, 2º Sargento e Manuel Joaquim Bonzinho, Furriel.

PRAÇAS: 11

Álvaro Augusto Cascais José, 1º Cabo; António Luís Silva Braga, 1º Cabo; Armando Moura Bessa, 1º Cabo; Arnaldo Maria T. Queirós Mesquita, 1º Cabo; Carlos Alberto Borges Costa, 1º Cabo; Fernando Carvalho Ferreira, 1º cabo; Joãozinho Dias, Soldado; Joaquim Carreira Tavares, 1º cabo; Jorge Correia Pinheiro, 1º Cabo; José Faria Abranches, 1º Cabo e Valdemar Marques, 1º Cabo.

NOTAS:

Perante a ineficácia da defesa, a impotência do próprio armamento e a enorme desproporção entre as forças em confronto, o Agrupamento Afonso de Albuquerque rendeu-se em 19 de dezembro de 1961, no Planalto de Vernã, pelas 14H00, tendo os seus cerca de 450 elementos ficado detidos. 

CAMPO DE PRISIONEIROS:

Navelim.

No caminho para Navelim, pararam num coqueiral, na margem esquerda do rio Zuari, entre Cortalim e a cidade de Vasco da Gama e aí estiveram 3 dias. Seguiu-se o encaminhamento em camionetas civis para Margão, com destino a Navelim. No dia 16 de janeiro de 1962 embarcaram num navio de guerra indiano com destino a Goa, onde chegaram no dia seguinte e foram internados no Campo de Pondá, denominado oficialmente como “Alfa Detenu’s Camp”, com capacidade de alojamento para 1750 detidos.

REGRESSO A CASA:

No navio “Pátria” (Karachi, 12.05.1962/Lisboa, 26.05.1962=14 dias) e no navio “Moçambique” (Karachi, 15.05.1962/Lisboa, 30.05.1962=15 dias), viajaram, respetivamente, 20 e 1 elementos, deste Agrupamento.

ÓBITOS:

Durante a invasão faleceram em combate, na ilha de Angediva, os seguintes 5 militares do Exército Português: Abel dos Santos Rito Ribeiro, Alferes, da Companhia de Caçadores 3; António Baptista Xavier, 1º Cabo, da Companhia de Caçadores 10; Damuno Nassu Canencar, Soldado, da Companhia de Caçadores 3; Joãozinho Dias, Soldado, da e José António Rocha Ramiro da Fonseca, Furriel, da Companhia de Caçadores 3.

DISTINÇÃO:

Face ao desempenho do militar a seguir mencionado, digno de enaltecimento, sendo, por isso, condecorado:

Valdemar Marques, 1º Cabo, da Companhia de Caçadores 10, Medalha de Valor Militar, grau Cobre.

PUNIÇÃO:

O Comandante do Agrupamento Afonso de Albuquerque, Major José Maria da Silva Rangel de Almeida, foi demitido do Exército Português, segundo o parecer dos Conselhos Superiores do Exército e da Armada, datado de 17 de janeiro de 1963, depois de terem avaliado o relatório por si elaborado.

Eis o teor do texto que resultou a sanção:

 “Rendeu-se à aviação inimiga sem combate e sem contacto com as forças terrestres inimigas. Não informou com verdade o Comandante-Chefe quando, pela primeira vez, o foi procurar na Península de Mormugão, sobre a situação real do seu Agrupamento, já rendido ao inimigo. Não cumpriu a missão”.

REVOGAÇÃO:

 Este castigo foi anulado em 19 de dezembro de 1974, através do Decreto-Lei 727, oriundo do Conselho de Chefes dos Estados-Maiores das Forças Armadas, publicado no Diário do Governo 295, I série, da mesma data, páginas 1587 e 1588, dando origem à reintegração do Major José Maria da Silva Rangel de Almeida, nas fileiras do Exército Português.

NOTAS:

A Comissão de Revisão do Processo do “Caso da Índia”, foi nomeada a 9 de setembro de 1974, pelo Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, Francisco Costa Gomes, para elaborar o projecto de Decreto-Lei (acima mencionado), o qual foi concluído em 24 de setembro de 1974, e entregue, nessa data, a Costa Gomes.

Eis a constituição da referida Comissão: Carlos Manuel de Azeredo Pinto de Melo e Leme, Tenente-Coronel; Manuel Joaquim Martins Engrácia Antunes, Tenente-Coronel; Carlos Alexandre de Morais, Major; José Rodrigues de Oliveira, Capitão-Tenente e José Sousa Carrusca, Advogado.

Já o Conselho de Chefes dos Estados Maiores das Forças Armadas, tinha a seguinte composição: General Francisco Costa Gomes, Presidente da República e Comandante-Chefe das Forças Armadas; Capitão-de-mar-e-guerra José Baptista Pinheiro de Azevedo, Chefe do Estado-Maior da Marinha; Coronel Carlos Alberto Idães Soares Fabião, Chefe do Estado-Maior do Exército e General Narciso Mandes Dias, Chefe do Estado-Maior da Força Aérea. O Major Victor Manuel Rodrigues Alves, Ministro da Defesa Nacional e o Dr. José da Silva Lopes, Ministro das Finanças, também assinaram o diploma.

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