segunda-feira, 21 de novembro de 2011

NAQUELE TEMPO (LI) – NOVEMBRO DE 1961

No boletim “O Árbitro” nº 53, órgão oficial da Comissão Central de Árbitros de Futebol, de há cinquenta anos, os temas importantes, foram: TÍTULOS – João Gomes, do Porto, assina “Ser ou não ser…”. António Ferreira, do Funchal, desenvolve o tema “No despertar de uma nova época-Abordando um caso de premente actualidade: A Arbitragem e o Jornalismo”. “A Arbitragem e o futebol bem jogado”, da autoria de Adriano Peixoto. “Página de Braga”, por Diogo Manso. “O Curso para Árbitros internacionais em Florença”, de Joaquim Campos. Vítor Real escreve de Moçambique sobre “A Arbitragem em Lourenço Marques”. Ramos Cavaleiro, de Viseu, subscreve “Aqui Viseu-Apenas entre estudantes”. RIBEIRO DOS REIS, FALECEU – O Boletim, dá conta do desaparecimento desta proeminente figura do futebol português em 03.12.1961. Nasceu em 10.07.1896, tendo sido jogador, dirigente, jornalista e o nosso primeiro Árbitro internacional. MENSAGEM DO PRESIDENTE DA FIFA – Sir Stanley Rous (na foto), eleito em 28.09.1961, envia carta a todas as Federações filiadas a agradecer a confiança depositada nas suas capacidades e afirmar que irá desenvolver o futebol amador, com ajuda às novas federações, e controlar o futebol profissional. O espanhol Heraclio de la Fuente, deixa a arbitragem ao fim de vinte anos de ininterrupta actividade. O Árbitro português radicado na Guiné-Bissau, Henrique da Costa Nunes, teve a honra de dirigir o jogo entre as selecções da Gâmbia e do Senegal, para a Taça N’Krumah, disputado em 05.11.1961. Outros temas focados nesta rubrica: Transferências, aniversários, nascimentos, viagens, falecimento, demissões, gozo de férias e Taça Correcção. António Bernardo, que se licenciou, expressa a todos os colegas e amigos uma mensagem de agradecimento por todos os bons momentos que passou enquanto esteve no activo. Registe-se alterações na constituição de três equipas de arbitragem lisboeta e dos quadros nacionais: Décio de Freitas, Aníbal Oliveira e João Banheiro; Jaime Baptista, Manuel Neto e Mário Vidreiro. Salvador Garcia, António Teixeira e Patrício Álvares. Alguns órgãos de comunicação social, portugueses e estrangeiros, fazem rasgados elogios ao boletim “O Árbitro”. Continua-se a receber livros destinados à biblioteca. Cunha Marques, do “Record”, explana a entrevista que fez em tempos ao ainda não presidente da Comissão Central, Dr. Fernando Pimenta, da qual se destaca a sua inteligência, seriedade, sensatez, equilíbrio e conhecedor, capaz de imprimir ao sector, o impulso de que estava a carecer. O que veio a acontecer. ASSOCIAÇÃO DE FUTEBOL DE LISBOA – A tomada de posse dos novos dirigentes saldou-se numa luzidia cerimónia, em que o futebol saiu dignificado. VICENZO ORLANDINI – Destaca-se a notícia do falecimento deste credenciado Árbitro italiano (n. 30.08.1910/f. 23.10.1961). Dirigiu com maestria inúmeros jogos internacionais com realce para as presenças nos mundiais de 1954-Suiça e 58-Suécia, totalizando a sua contribuição nas equipas de arbitragem em 8 dos jogos. Na foto, o jogo da final do campeonato do mundo na Suiça: da esquerda: Vicenzo Orlandini (Itália), Fritz Walter (cap. alemão), William Ling, Ferenc Puskas (cap. hungaro) e Benjamim Griffiths (País de Gales). A ARBITRAGEM EM PORTO AMÉLIA – Jaime Ferraz Rodrigues Gabão dá conta da classificação dos Árbitros daquela linda terra moçambicana, como se passa a referir: 1º Natalino Vieira (na foto), 2º José Oliveira Próspero, 3º Luís das Dores, 4º Nazimodine Americano e 5º Pina Gil. MANUEL DO OLIVAL - Foi recebido o currículo deste Árbitro madeirense (na foto), que se passa a descrever: Nasceu em 30.04.1919, na Freguesia do Machico. Defendeu as cores do Club Sport Marítimo, na primeira categoria de 1937 a 1943. Candidatou-se a Árbitro de futebol em 1947. Dirigiu 430 jogos regionais e 170 amigáveis. Na altura ainda não tinha terminado a carreira, mas era o filiado mais antigo da Comissão Distrital do Funchal. Num encontro efectuado no estrangeiro as duas equipas envergavam camisolas pretas e brancas. O Árbitro recusou-se a mudar de equipamento. Depois de muita discussão, o grupo que jogava em casa teve de proceder à respectiva alteração. Em Portugal está em vias de solução o atraso de pagamento dos prémios e dos transportes. Falsos moralistas afirmam que os Árbitros não deveriam concorrer aos prognósticos (Totobola), visto em sua opinião poderem alterar os resultados dos encontros que estivessem a dirigir. Onde chega a ignorância e a má-fé! Em Espanha, Manuel Asensi, figura de grande prestígio no meio desportivo espanhol, acaba de ser convidado para Presidente do Comité Central de Árbitros. Este nosso credenciado Árbitro lisboeta, que esteve presente em tão importante reunião técnica, assim como o presidente da FIFA, sir Stanley Rous, adiantou as vantagens na formação e preparação dos Árbitros para cabal desempenho da sua função quando lhe são mostrados filmes exemplificativos e proporcionadas aulas práticas nos relvados, tendo em vista demonstrar situações decorrentes do próprio jogo e que o Árbitro tem que ver, analisar e decidir e, em muitos casos, pode não acertar por diversos motivos que têm a ver com a sua colocação ou falta de conhecimento adequado. Foram muito focados as questões relacionadas com cargas, entradas com os pés juntos, desarmes, obstrução, grandes penalidades, pontapés livres, preparação física, etc. Duas pequenas historietas: Quando o Árbitro chegou a determinado campo na província, foi recebido por uma comissão de desportistas locais que lhe apresentaram cumprimentos de boas vindas. Um deles, interpretando o pensamento geral, disse: – O senhor acha que a nossa equipa perderá? – Não sei! Não tenho bola de cristal… – Mas nós temos um bom cemitério… Duas senhoras conversavam. Uma delas era esposa dum Árbitro e afirmava: – Aos domingos preparo o jantar de acordo com o resultado do jogo que o meu marido vai arbitrar… – Porquê?, atalhou a outra. – Ora! Se o grupo da casa vencer, meu marido volta em seguida: se o visitante for o vencedor, não há pressa para preparar o jantar… Edmundo José Pereira, Árbitro de futebol em Angra do Heroísmo (Açores), coloca as seguintes questões: -Equipa moçambicana: Natalino Vieira, de Porto Amélia, Lauro Costa, de Nampula e José Próspero, de Porto Amélia-
1. Numa determinada partida um jogador intercepta, a bola com as mãos e no meio campo, mas sem interromper a sua direcção, que vai para um adversário que não consegue apoderar-se da bola e esta acaba em poder dum antagonista. O Árbitro, como hipoteticamente deu a lei de vantagem que não veio a verificar-se, interrompeu o jogo e mandou executar o correspondente pontapé livre. Fez bem ou mal? A resposta (naquela altura) é de que não deveria ter procedido como o fez… -Equipa caboverdiana: Assis Pacheco, José Benício e Orlando Barbosa-
2. Num encontro é expulso o capitão de equipa. Consultou os colegas do infractor para saber quem iria exercer aquela função obrigatória. Foi-lhe dito que era da competência do Árbitro essa escolha e assim o fez, apontando para um atleta que seria ele a capitanear a equipa. No recomeço do segundo tempo um dos jogadores (que não era o capitão) dirigiu-se ao Árbitro a informar-lhe que a Direcção do clube tinha deliberado que seria ele o responsável pela equipa e não o que o Árbitro tinha indicado. O Árbitro afirmou ter já feito tal determinação e que não alteraria a sua decisão. Eis a resposta: O Árbitro não procedeu bem, pois deveria ter procedido da seguinte forma: A-Indagar junto do delegado da equipa quem era o jogador que passaria a ser o capitão. B-Em caso de recusa o jogo não poderia prosseguir. C-Seria dado como terminado. D-Era participado o acontecimento à entidade promotora do desafio. -Trio do ano em Moçambique: Sebastião Domingos, Abel Bastos e Costa Lemos-
A ACTIVIDADE NAS COMISSÕES DISTRITAIS – Angra do Heroísmo: Levou a efeito mais um curso de aprendizagem com a participação de 10 candidatos. Funchal: O novo vogal-tesoureiro, António Avelino de Abreu, toma posse. Leiria: Aprovou os candidatos Vitalino Augusto Provas Canas, António Pereira, Emanuel Henrique Duarte Trindade e Alfredo Nunes da Silva, após terem feito o exame oral. Seguem-se as provas de campo. Portalegre: O novo dirigente, Domingos Casanova Júnior, foi apresentado aos filiados, a quem prometeu colaborar activamente para prestígio do sector. -Árbitros laurentinos que actuaram em 1961 e que se reuniram num almoço de confraternização-
LEGISLAÇÃO E DOUTRINA – Do Regulamento das Comissões Central e Distritais dos Árbitros de Futebol neste número são divulgados os artigos 7º ao 21º, que regula as competências destas entidades hierárquicas.

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