quinta-feira, 1 de agosto de 2013

NAQUELE TEMPO – AGOSTO DE 1963 – EPISÓDIO 72

Do Boletim “O Árbitro” nº 74 (Ano VII), editado há precisamente 50 anos, destaca-se o seguinte:
ÚLTIMAS PALAVRAS – Hugo Silva, o Editor, por ter terminado as suas funções na Comissão Central, despede-se de todos agradecendo as atenções que recebeu ao longo do mandato.
O PROBLEMA DA ARBITRAGEM DO FUTEBOL
O Dr. Amadeu Rodrigues, director do jornal conimbricense “A Voz Desportiva”, ao abordar a questão da integração do sector no seio federativo, e dos muitos que não apoiam tal medida, fala, ainda, do constante e ruinoso atraso no pagamento das deslocações e pelos prémios dos jogos que dirigem. Exige-o o prestígio do futebol, mesmo o das suas delicadíssimas funções de juízes. Sugere voltar à fórmula primitiva, isto é no intervalo ou no final da partida, mediante recibo discriminativo e de harmonia com as tabelas previamente estabelecidas, os Árbitros receberiam as importâncias a que tinham direito. Fez-se nos tempos de antanho e nunca houve qualquer complicação que pudesse condenar o sistema utilizado. Assim tudo ficaria arrumado imediatamente com a maior simplicidade, sem mais delongas. Agora o que não pode continuar a vigorar é o adiantamento de valores por parte dos Árbitros para pagar deslocação e alimentação da actividade desenvolvida em favor de Federação! De resto, apesar de tudo, o futebol não precisa dessas esmolas, e o seu prestígio de nenhum modo as consente.   
NA COMISSÃO DISTRITAL DE AVEIRO TRABALHA-SE…
Carlos Paula, delegado do boletim neste Distrito relata a palestra proferida por Joaquim Campos, subordinada ao tema: “Sobre dificuldades que o Árbitro encontra em campo e o processo de as resolver satisfatoriamente”. Dignaram-se a assistir a este exposição inúmeros filiados da Comissão Distrital local, assim como seus dirigentes, incluindo Hugo Silva, da Comissão Central.
António da Costa Geraldes Aires, Árbitro setubalense, assina “Considerações de um novo”, dando a sua opinião de como se deve tratar os assuntos da arbitragem, logo longe dos espaços públicos. Reis Neves adapta de L’Erbitre Subisse, o texto “Camaradagem e factores diversos”. “Não basta a bola sair da grande área” da autoria de Carmo Lourenço.
VAMOS AO QUADRO
 António Augusto Santos apresenta onze questões relacionadas com as leis do jogo, valendo-se deste curioso gráfico.  
Para participarem em cursos de arbitragem deslocaram-se ao estrangeiro o presidente da Comissão Central, Dr. Fernando Pimenta e o Árbitro internacional Joaquim Campos, ambos a Riccione (Itália) e Filipe Gameiro Pereira à Tunísia, correspondendo, assim, a convites das respectivas Federações.  
Por via de resolução ministerial a Comissão Central passa a ser constituída pelos seguintes elementos: Dr. Fernando Pimenta, presidente, designado pela Direcção-Geral dos Desportos. Raimundo Prieto e João Fernandes Alegria, ambos do Porto e João Silva, do Porto, indicados pela Federação Portuguesa de Futebol. Luís Antunes Gaspar e Guido Gomes Rosa, de Lisboa, e Augusto Marques Bom, de Coimbra, membros eleitos pelos Árbitros.
Os Árbitros de Valência (Espanha) viviam numa dependência da sua Federação muito acanhada e sem condições. Para resolver esta grave situação quotizaram-se e adquiriram um andar, passando a ter instalações condignas aos seus objectivos.
PÁGINA DA COMISSÃO CENTRAL
Esta entidade dá a conhecer um conjunto de deliberações emitidas desde 1959, na expectativa de que, entre outros assuntos de importância, os critérios de apreciação e de julgamento sejam uniformes para todos aqueles que ingressem nos quadros nacionais, recordando-se a seguir, algumas delas: Devem reprimir o jogo violento e perigoso não hesitando em expulsar os prevaricadores. Não consentirem, seja qual for o pretexto, que os jogadores discutam as suas decisões. Só devem dar início aos jogos com a equipa de arbitragem completa. Não devem aproveitar das deslocações respeitantes às partidas para que estejam nomeados para tratarem de quaisquer assuntos da sua vida particular, seja a que título for. Para efeitos de activar o seguro em caso de sinistro pede-se aos Árbitros que mencionem especificadamente no relatório do jogo qual o meio de transporte utilizado pela equipa de arbitragem. É obrigatório o uso do emblema da Comissão Central pelos Árbitros dos seus quadros, constituindo infracção disciplinar a quem assim não proceda. Quem não puder comparecer ao jogo por motivo de doença deverá apresentar atestado médico dentro de 48 horas. Especial atenção a quem, das equipas contendoras, pode entrar e permanecer na zona do campo, como delegados ao jogo, médicos, massagistas, treinadores e jogadores suplentes quando equipados e ainda fotógrafos, elementos da Rádio e Televisão, quando em serviço. É rigorosamente proibido a essa pessoa e entidades dar indicações, por palavras, sinais ou quaisquer outros meios, aos jogadores em campo. No caso de não cumprimento destes preceitos, o Árbitro deverá suspender o jogo e mandar retirar o prevaricador, recorrendo, se necessário, à força pública. A Comissão Central recomenda que os seus filiados devem sancionar todos os actos contrários à ética desportiva e participá-los à entidade organizadora da competição, sempre com rigorosa identificação dos transgressores.
Com a edição do Boletim federativo (na imagem), que se aplaude, a Direcção determina que o Árbitro terá de proceder à identificação segura das pessoas que exercem funções oficiais nos jogos e dos jogadores expulsos do terreno.
No caso dos jogadores excluídos do rectângulo de jogo ou merecedores de sanção equiparada os seus cartões devem ser retidos pelo Árbitro que fará o seu envio juntamente com o boletim da partida para a Federação.
No curso de Riccione, para além da presença de cerca de 200 Árbitros transalpinos, contou-se, também, com o presidente da FIFA, Sir Stanley Rous e representantes d treze países, como Portugal, Espanha, França, Luxemburgo, Bélgica, Áustria, Malta, Chipre, Turquia, Alemanha Ocidental, Jugoslávia e Inglaterra.   
Na foto vemos o Árbitro austríaco Friedrich Seipelt [02.04.1915†07.05.1981], retirado da actividade por limite de idade, foi logo aproveitado para dirigir os destinos da arbitragem do seu país.
O Treinador húngaro Gusztáv Sebes [22.01.1906†30.01.1986], numa entrevista declarou que as leis do jogo deveriam ser modificadas, exemplificando que deveriam ser abolidos o pontapé de canto, o fora de jogo e por cada três pontapés de canto dariam direito a um pontapé de grande penalidade. Chega a esta conclusão pelas tácticas defensivas que assaltam o futebol mundial.
DERRADEIRA HOMENAGEM À MEMÓRIA DE VICENTE CABALLERO
Faleceu esta grande referência da arbitragem espanhola, de seu nome completo Vicente José Caballero Camacho [1917†10.08.1963], iniciou-se na arbitragem em 1939 e pertenceu aos quadros da FIFA de 1957/58 a 1962/63. Casado e pai de 6 filhos. Muito respeitado e considerado entre nós, distribuía simpatia onde estivesse. Em sua casa, em Madrid recebia como ninguém! Pelo seu desaparecimento um grupo de colegas lisboetas mandou celebrar missa na passagem do trigésimo dia do seu falecimento.  
COMISSÃO DISTRITAL DOS ÁRBITROS DE FUTEBOL DO PORTO
Na presença de diversas personalidades tomaram posse os seguintes novos elementos: Presidente, Orlando de Sousa; Vogais, Artur Alves, Joaquim Silva, Daniel Esteves e Abílio Teixeira Pinto. Foi enaltecido o trabalho produzido anteriormente pela equipa liderada por José Vieira da Costa.
A Associação de Futebol de Lisboa através de comunicado dá conta que para as vistorias dos campos devem os clubes providenciar que tudo esteja na devida ordem, evitando, assim, aplicação das sanções previstas nos regulamentos. As condições a considerar, são: Rectângulo de jogo: limpo de pedras, ervas e raízes, aplanado, marcado com cal líquida (segundo as medidas regulamentares) e com bandeirolas colocadas.
Balizas: pintadas de branco, com as medidas regulamentares verificadas e com redes colocadas. Cabinas: limpas, com bancos, estrados, cabides, torneiras, chuveiros, portas e janelas em bom estado; Com vidros e telhas de barro ou de vidro, inteiros. Devem ser substituídos os postes e as barras das balizas e os postes das vedações que se encontrarem danificados. Aguarda-se a melhor colaboração por parte dos clubes.
O leitor Humberto Leitão Queiroz, Árbitro do Porto, pede esclarecimentos quanto à resposta dada num número anterior, sobre a reposição da bola em jogo através de lançamento lateral. Segundo a sua análise tal informação não corresponde ao que está consignado na lei XV. David Costa, o responsável por esta rubrica, adianta o que se encontra legislado e presta a sua opinião pessoal, que, espera, não seja doutrina a seguir, visto que o assunto já está determinado por quem de direito.  
OS ÁRBITROS DE LEIRIA CONFRATERNIZAM
Em 1957 reuniram-se em São Pedro de Muel, com o seu saudoso presidente, capitão Eduardo Gaspar, como a imagem de cima demonstra.
Em 1963, no mesmo local, nova reunião de camaradagem com elementos da Comissão Central e do Boletim, acontecimento registado com a correspondente foto.
A ARBITRAGEM EM CABO VERDE
A equipa de arbitragem que dirigiu o jogo final do Campeonato de Cabo Verde, entre as equipas do Boavista Futebol Clube, da cidade da Praia, e da Associação Académica do Mindelo.
Árbitro, Romão Alves. Auxiliares, Nildo Brazão e Aguinaldo Cabral.
ARBITRAGEM MINHOTA EM FOCO
Diogo Manso, delegado do Boletim em Braga, dá conta do êxito que foi o VI curso de aperfeiçoamento físico-técnico dos filiados da Comissão Distrital de Braga, descrevendo tudo o que se passou em quatro jornadas.
No dia 1 de Julho foi entregue a cada filiado um ponto escrito dividido em quatro temas.
O júri para avaliar os resultados tinha representantes de Barcelos, Braga, Guimarães e Viana do Castelo [Esta Associação estava, na altura, inserida na sua vizinha bracarense].
As sessões tinham a seguinte programação: Das 9 às 10 horas, sessão de ginástica; das 10 às 11, apreciação e comentários aos temas técnicos; das 11 às 12, palestra.
No dia 15 de Agosto efectuou-se em Barcelos o fecho das actividades, que constava de prova de velocidade (80 metros); Corta-mato, numa extensão de 1.500 metros (como se constata na imagem a corrida realizou-se em plena via pública!). Todas elas tiveram grande participação, assim como a cerimónia de encerramento e o almoço de confraternização.
Neste último dia fizeram-se notar a presença de muitos dirigentes da arbitragem, entidades e convidados.
HOMENAGEM A ANTÓNIO CALHEIROS
Os amigos do conceituado Árbitro internacional lisboeta António Amaro Borges Calheiros (19.04.1913/18.04.1997) resolveram consagrá-lo quando atingiu os cinquenta anos de idade, motivo que o levou a retirar-se da actividade.
No repasto-convívio compareceram inúmeros camaradas da arbitragem.
Refira-se que este saudoso amigo pertenceu aos quadros da FIFA de 1954/155 a 1958/59.

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