sábado, 27 de julho de 2019

BRASÕES DA CAPITAL DA ENTÃO PROVÍNCIA ULTRAMARINA DE MACAU

Numa recente pesquisa para encontrar o brasão do Comando Territorial Independente de Macau, entidade militar criada em 24 de novembro de 1960 (Decreto-Lei 43.351, publicado no Diário do Governo 273, I série, páginas 2574 a 2579), cujas funções terminou em 1 de janeiro de 1976, com a sua extinção, a qual foi publicada no Diário da República 292, I série, páginas 2082 a 2084, foi curioso e interessante ter encontrado brasões de armas daquele território, desde tempos idos até à desvinculação total de Portugal, que achei por bem dar publicidade a tão rico e fantástico espólio.
Assim, com a devida vénia do blog NENOTAVAICONTA, onde encontrei grande parte das estampas e textos que a seguir publico, aqui vai uma agradável coleção de imagens que se divulga com todo o gosto.
 
ANO DE 1626
Este emblema granítico da Fortaleza de S. Paulo do Monte está datado
 
“ANNO DNI 1626”
 
O mais antigo brasão de Armas de Macau conhecido é o que está esculpido em granito e colocado sobre a Entrada da Fortaleza de S. Paulo do Monte (originalmente chamada de Nossa Senhora do Monte). (1) Está datado de 1626, ano da conclusão das obras da Fortaleza.
“Por cima do portão de entrada da muralha Sul desta fortaleza havia uma pedra esculpida com 1 metro quadrado de área e um frontão triangular em cima, mas esta laje foi retirada e está, presentemente, na muralha interior virada para o portão da rampa de acesso à esplanada superior. Os pregos utilizados para sustentar a laje ainda se podem ver por cima do portão” (2)
O frontão triangular tem esculpida a figura de S. Paulo, Patrono da fortaleza.
A pedra rectangular que está por baixo consiste essencialmente de um escudo de Portugal, encimado por uma coroa rematada com cruz. O escudo é flanqueado por dois querubins de pé, vestidos apenas de uma faixa esvoaçante, assente em cavalete, O anjo do lado esquerdo ostenta sobre a levíssima redouça a Cruz de Cristo, e, simetricamente, o anjo da direita equilibra a esfera armilar rematada por uma estrela.
Em 1654, o título de Leal foi conferido ao Senado de Macau por D. João IV. E em nome de El-Rei, o Capitão Geral João de Souza Pereira mandou pôr no letreiro a nova dignidade, à entrada do Leal Senado.
Insígnias da cidade 1961 Portaria “A tradicional representação heráldica da cidade de Macau: o escudo de armas de Portugal sobrepujado da antiga coroa real aberta e amparado por dois anjos de joelhos, vestidos de prata e realçados de ouro, nimbados de uma cruz de Cristo, de vermelho – o da dextra, e de uma esfera armilar, de ouro – o da sinistra -; listel branco tendo inscritos em caracteres negros nos dizeres «Cidade do Nome de Deus não há outra mais leal» ” (3)
NOTA: Sobre este assunto, aconselho o trabalho de investigação da Dra. Beatriz B. da Silva em SILVA, Beatriz Basto da – Estudo-Insígnias de Macau. Edição do Leal Senado,1986, 83 p.
(1) Fortaleza que cresceu lenta e irregularmente ao longo dos anos. Terá começado a 1617, em 1623 tornou-se residência governamental de D. Francisco de Mascarenhas, primeiro Capitão-General (posse a 17 de Julho 1623). Referências anteriores sobre a Fortaleza do Monte em:
(2) GRAÇA, Jorge – Fortificações de Macau, concepção e história. 19 – – (?)
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/01/16/leitura-comemora-coes-em-macau-do-v-centenario-da-morte-do-infante-d-henrique-ii/
(3) Portaria n.º 18 626 do Ministério do Ultramar de 27-07-1961 (publicado no B. O. n.º 32 de Macau).
ANO DE 1654
Em 1654, João de Souza Pereira, Governador de Macau (1650-1654), em nome d´El-Rei D. João IV, mandou colocar à entrada do edifício do Senado, este letreiro CIDADE DO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL.
 

ANO DE 1810
Os anjos estão de joelhos e usam chapins. Com vestes graves, longas, trabalhadas sobre o escudo, a coroa, antes fechada e sem cruz, encontra-se agora acastelada; a cruz inscrita no sol passou do frontão à base do escudo. As asas dos anjos alargam-se desenvoltas, a fim de acompanharem harmonicamente a largura da faixa ondulada onde se lê: “NÃO HÁ OVTRA MAIS LEAL”.
Esta foto é de 1956 e apresenta a insígnia, oficial, fixada em madeira, em 1810, no Salão Nobre do Leal Senado de Macau. O listel inferior refere “CIDADE DO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL”,
“As armas reais portuguesas coroadas, e os emblemas das descobertas – esfera armilar e Cruz de Cristo, também. Os anjos são dois adolescentes, apresentando-se completamente vestidos e de joelhos”.
 
ANO DE 1890
“A cidade de Macau tem por brasão as armas reaes em escudo de prata, e em volta lê se o seguinte: Cidade de nome de Deus não há outra mais leal. A etymologia do nome de Macau vem de duas palavras chinezas Ama e Cau. A primeira designa o ídolo de um pagode, que ali havia desde tempos remotos. A segunda quer dizer porto. Começando os portuguezes a chamar ao sítio Amacau logo que ali se estabeleceram, deram depois à cidade com pouca differença o mesmo nome.”
 
ANO DE 1927
A insígnia conforme capa do livro “Resumo da História de Macau” de Eudore de Colomban, 1927.
Brasão de armas ou, simplesmente, brasão, na tradição europeia medieval, é um desenho especificamente criado – obedecendo às leis da heráldica – com a finalidade de identificar indivíduos, famílias, clãs, corporações, cidades, regiões e nações.
Insígnia é um sinal ou marca que identifica uma instituição, um cargo ou o estatuto social de uma determinada pessoa. As insígnias são, normalmente, usadas sob a forma de emblemas ou distintivos.
 
ANO DE 1932
Ordenação simbólica das Províncias do Império Português de Além-Mar (Macau) segundo o parecer que a pedido da Agência das Colónias, e por incumbência do Instituto Português de Heráldica, o Senhor Afonso Dornelas elaborou em Junho de 1932. 
ANO DE 1934 (I)
Embora legendado como brasão da Província de Macau, trata-se duma insígnia do Leal Senado de Macau, num formato não habitualmente observado ou publicado; veio impresso num número especial comemorativo da 1.ª Exposição Colonial Portuguesa do Porto, em 1934. 




ANO DE 1934 (II)
A Direcção dos Serviços das Obras Públicas de Macau promoveu o processo para um novo brasão para Macau, tendo apresentado os modelos que se publicam ao Governador, os quais viriam a ser rejeitados. Os seus autores foram: Júlio Nunes Pereira Oliveira (Tenente), Rafael Gastão Bordalo Borges (Condutor de Obras Públicas), António Santa Clara Ferreira (Tenente) e o chinês Chan Kuan Pui (desenhador), mais conhecido por José Chan.
 
ANO DE 1935
Este brasão foi criado em 1935, quando Portugal decidiu criar para cada colónia portuguesa um novo brasão próprio. Ele apresenta à esquerda cinco escudetes de cor azul, postos em cruz e carregados cada um com cinco besantes de prata em aspa; à direita, de azul, um dragão chinês pintado de ouro e com língua vermelha, armado com um dos escudetes representados à direita do brasão; em ponta, de prata, cinco ondas de cor verde.
Foi este o modelo de Brasão de armas aprovado pelo Governador de Macau, com a referência “Colónia Portuguesa de Macau”, o qual vigorou de 8 de Maio de 1935 a 11 de Junho de 1951.
 

ANO DE 1951
O Coronel A. Guedes de Magalhães, no seu opúsculo Marcas Postais de Macau, p. 46, dá esta explicação das Armas da cidade:
«O escudo, no formato clássico português e terciado em mantel, contém:
No primeiro, em campo de prata, as cinco quinas de Portugal, de azul, carregadas cada uma de cinco besantes de prata em aspa, que há mais de oito séculos se distinguem na heráldica como símbolo de Portugal e aqui pretendem representar a unidade de todo o seu território.
No segundo, o símbolo característico da Província de Macau. Em lembrança do território em que se acha situada:
Em campo azul, um dragão de ouro armado e linguado de vermelho e realçado de negro, suportando nas garras uma das quinas de Portugal.
No terceiro, a representação do mar, sendo o campo de prata carregado de cinco faixas ondadas de verde, ligando as quinas de Portugal ao emblema simbólico de Macau.
A coroa mural que assenta sobre o escudo, é de ouro, e constituída por cinco torres ligadas por quatro panos de muralha realçados de negro; as torres são carregadas sobre as portas por esferas armilares de vermelho e os panos da muralha com as ameias formadas por um escudete de prata com a Cruz de Cristo de vermelho.”
Este brasão, com o listel branco a expressar: “Província Portuguesa de Macau”, esteve em vigor de 11 de junho de 1951 a 1976.
ANO DE 1960
Esta insígnia de 1810 está na capa do livro “COMEMORAÇÕES, EM MACAU, DO V CENTENÁRIO DA MORTE DO INFANTE D. HENRIQUE” (editado em Dezembro de 1960).
ANO DE 1961
“A tradicional representação heráldica da cidade de Macau: o escudo de armas de Portugal sobrepujado da antiga coroa real aberta e amparado por dois anjos de joelhos, vestidos de prata e realçados de ouro, nimbados de uma cruz de Cristo, de vermelho – o da dextra, e de uma esfera armilar, de ouro – o da sinistra -; listel branco tendo inscritos em caracteres negros nos dizeres «Cidade do Nome de Deus não há outra mais leal».
Portaria 18.626, do Ministério do Ultramar, de 27.07.1961 (publicado no B. O. n.º 32 de Macau). 
ANO DE 1976
Brasão de armas de Macau, onde o listel passou a designar “Governo de Macau“. A sua existência terminou em 20 de dezembro de 1999.

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