Três insignes docentes académicos do Centro Universitário Newton Paiva, de Minas Gerais (Brasil), realizaram conjuntamente um trabalho digno de todos os encómios pela objectividade que esta pesquisa encerra. Eis os seus autores: Norma Fernandes Pereira, Psicóloga, Especialista em psicologia clínica e experiência em diversas modalidades desportivas. Renata Grasielle Michielini Santos, Fisioterapeuta.Eduardo Neves Pedrosa de Cillo, Psicólogo, Doutorando em psicologia experimental, Professor da PUC Minas Gerais e Consultor na área de Psicologia do Desporto.
NOTA: Procedeu-se à transcrição integral do título e do texto sem qualquer alteração na sua forma ou conteúdo. Entretanto, face à dimensão desta obra a sua divulgação será feita em 3 partes.
NOTA: Procedeu-se à transcrição integral do título e do texto sem qualquer alteração na sua forma ou conteúdo. Entretanto, face à dimensão desta obra a sua divulgação será feita em 3 partes.
RESUMO
Pouco se tem publicado a respeito da Arbitragem de Futebol e deste contexto, quase não se encontram referências bibliográficas que tratem deste universo e suas adversidades. Os trabalhos existentes, geralmente, trazem descrições sobre atletas e ambiente esportivo. O presente trabalho pretende relacionar a literatura sobre coerção e seus subprodutos com a avaliação de possíveis fatores causadores de estresse na Arbitragem de Futebol de campo. Para tal, a metodologia utilizada foi a da pesquisa bibliográfica, realizada em bases de dados específicas, na busca da elaboração de uma síntese entre os temas relacionados. Um objetivo adicional é contribuir para produção de literatura específica em um campo tão escasso.
Palavras-chave: Coerção, Arbitragem, Desempenho esportivo.
INTRODUÇÃO
O objetivo da presente pesquisa foi o de explorar a literatura sobre estresse no esporte, especificamente na arbitragem de futebol de campo. Buscou-se definir estresse, relacionando-o ao conceito de "Coerção" (SIDMAN, 1995), desempenho na arbitragem e sua relação. Deste modo esperava-se localizar na literatura indicadores acerca do surgimento do estresse, de suas fontes, e de sua relação com o desempenho em campo dos árbitros.
CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ARBITRAGEM
De acordo com Cruz (1997), os árbitros junto com os jogadores e treinadores são imprescindíveis em competições esportivas. A atuação deles em muitos esportes é o ponto chave para o espetáculo, mas para que tenham boa atuação necessitam não só de preparo técnico, como também de boa preparação psicológica; uma realidade que muitos profissionais da Psicologia do Esporte ainda não se deram conta, o que justifica a escassez de material bibliográfico.
Considerando-se que existem pouco material sobre arbitragem, em Psicologia do Esporte, os psicólogos não devem dispensar o assessoramento dos árbitros para conhecerem o contexto desta população específica. Este motivo, por si só, já justifica a necessidade de se pesquisar para conhecer mais sobre esta área, o que corrobora com a idéia desta pesquisa.
Em muitas áreas os árbitros são cobrados excessivamente e, apesar disso, eles devem ser precisos e objetivos, pois sua atuação pode definir o espetáculo esportivo. Para que o trabalho do árbitro se dê de forma imparcial e justa, existem alguns fatores que devem ser considerados como o estado emocional, que pode estar sendo influenciado pelo público, por treinadores ou ainda pelos jogadores. A tarefa do árbitro resulta em levar a partida até o final com competência, procurando não perder nenhum lance, mesmo que sua atuação esteja submetida a uma forte pressão. Para lidar com estas situações o árbitro necessita de autocontrole e adequada autoconfiança, para conseguir a imparcialidade.
Segundo Riera, citado por Cruz (1997), as estratégias utilizadas para obter informações sobre os árbitros são: estudo das regras, questionários e entrevistas, além de observação em campo. Segundo o mesmo autor estudos da sociologia do esporte, realizados a partir de questionários e entrevista, mostram o perfil motivacional típico dos árbitros: a razão principal para atuarem como árbitros é o interesse pelo esporte, seguidas pela emoção gerada por fazer parte do espetáculo, aspectos financeiros, poder, controle e prestígio. Ainda em relação a este assunto as razões que ajudam manter o árbitro na profissão são: competência, bom condicionamento físico, compromisso, interesse e entusiasmo pelo esporte.
Sobre a correlação entre características comportamentais e desempenho o autoritarismo é comum em árbitros mal sucedidos. Aqueles identificados como bem sucedidos geralmente são: seguros, autoconfiantes, com energia, espontaneidade e ajustados socialmente.
Sobre as exigências da função de árbitro é necessário um bom preparo tanto físico, quanto psicológico para que os mesmos possam tomar decisões importantes em pouco tempo e ainda sob pressão. Diante desta realidade pode-se assumir que a arbitragem é uma função estressante e, que ainda, é uma segunda ocupação, pois além de dirigir as partidas os árbitros convivem com uma organização semi-profissional já que precisam exercer outras funções para "ganhar a vida".
Este é um dos direcionamentos apontados por Riera (1989) para melhorar o contexto da arbitragem: a profissionalização da arbitragem, isto porque ela requer uma grande dedicação, o que não é possível se o árbitro tiver que se dividir com outras funções. Além disso, o autor sugere que ações devem estar voltadas para melhorar a formação e competência da arbitragem - a formação não se deve resumir a estudos de regras, mas também trabalhos psicológicos, e conhecimentos de mais aspectos que envolvem esta área. De maneira complementar Riera afirma, também, que é importante educar a sociedade para ter mais respeito com os árbitros.
Neste sentido os meios de comunicação exercem um importante papel já que se constituem em poderosas fontes formadoras de opinião. Segundo Borelli e Neto (2004)4, o jornalismo cria mecanismos para fazer julgamentos, avaliações de pessoas envolvidas no mundo esportivo. Ele tem regras próprias para narrar, apresentar, expor, enfim discorrer sobre o esporte, de forma singular; para tal é necessário que os jornalistas tenham conhecimentos tanto do campo jornalístico, como também das especificidades do mundo esportivo, como regras, funções, características, códigos, e outros.
Erbolato citado por Borelli e Neto (2004), defende que o jornalista deve conhecer as regras e regulamentos da maioria dos esportes para que, ao redigir sua matéria, possa aplicá-los convenientemente. Mas os árbitros de Futebol, ao contrário, queixam-se do despreparo da imprensa esportiva, quanto aos conhecimentos das técnicas e regras da Arbitragem de Futebol, segundo eles, os jornalistas falam sem conhecimento de causa. Criticam muito, mas sem respaldo do conhecimento.
A mídia tem uma responsabilidade muito grande neste clima de desrespeito aos árbitros e estimulação de briga entre as torcidas, porque através deste veículo é construída uma rivalidade agressiva. Fazer circular nos jornais manchetes e notícias que estimulam o clima de guerra no esporte, com tanta rivalidade, faz deixar de existir o chamado "espírito esportivo". Acaba sobrando para o árbitro.
-continua-
Pouco se tem publicado a respeito da Arbitragem de Futebol e deste contexto, quase não se encontram referências bibliográficas que tratem deste universo e suas adversidades. Os trabalhos existentes, geralmente, trazem descrições sobre atletas e ambiente esportivo. O presente trabalho pretende relacionar a literatura sobre coerção e seus subprodutos com a avaliação de possíveis fatores causadores de estresse na Arbitragem de Futebol de campo. Para tal, a metodologia utilizada foi a da pesquisa bibliográfica, realizada em bases de dados específicas, na busca da elaboração de uma síntese entre os temas relacionados. Um objetivo adicional é contribuir para produção de literatura específica em um campo tão escasso.
Palavras-chave: Coerção, Arbitragem, Desempenho esportivo.
INTRODUÇÃO
O objetivo da presente pesquisa foi o de explorar a literatura sobre estresse no esporte, especificamente na arbitragem de futebol de campo. Buscou-se definir estresse, relacionando-o ao conceito de "Coerção" (SIDMAN, 1995), desempenho na arbitragem e sua relação. Deste modo esperava-se localizar na literatura indicadores acerca do surgimento do estresse, de suas fontes, e de sua relação com o desempenho em campo dos árbitros.
CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ARBITRAGEM
De acordo com Cruz (1997), os árbitros junto com os jogadores e treinadores são imprescindíveis em competições esportivas. A atuação deles em muitos esportes é o ponto chave para o espetáculo, mas para que tenham boa atuação necessitam não só de preparo técnico, como também de boa preparação psicológica; uma realidade que muitos profissionais da Psicologia do Esporte ainda não se deram conta, o que justifica a escassez de material bibliográfico.
Considerando-se que existem pouco material sobre arbitragem, em Psicologia do Esporte, os psicólogos não devem dispensar o assessoramento dos árbitros para conhecerem o contexto desta população específica. Este motivo, por si só, já justifica a necessidade de se pesquisar para conhecer mais sobre esta área, o que corrobora com a idéia desta pesquisa.
Em muitas áreas os árbitros são cobrados excessivamente e, apesar disso, eles devem ser precisos e objetivos, pois sua atuação pode definir o espetáculo esportivo. Para que o trabalho do árbitro se dê de forma imparcial e justa, existem alguns fatores que devem ser considerados como o estado emocional, que pode estar sendo influenciado pelo público, por treinadores ou ainda pelos jogadores. A tarefa do árbitro resulta em levar a partida até o final com competência, procurando não perder nenhum lance, mesmo que sua atuação esteja submetida a uma forte pressão. Para lidar com estas situações o árbitro necessita de autocontrole e adequada autoconfiança, para conseguir a imparcialidade.
Segundo Riera, citado por Cruz (1997), as estratégias utilizadas para obter informações sobre os árbitros são: estudo das regras, questionários e entrevistas, além de observação em campo. Segundo o mesmo autor estudos da sociologia do esporte, realizados a partir de questionários e entrevista, mostram o perfil motivacional típico dos árbitros: a razão principal para atuarem como árbitros é o interesse pelo esporte, seguidas pela emoção gerada por fazer parte do espetáculo, aspectos financeiros, poder, controle e prestígio. Ainda em relação a este assunto as razões que ajudam manter o árbitro na profissão são: competência, bom condicionamento físico, compromisso, interesse e entusiasmo pelo esporte.
Sobre a correlação entre características comportamentais e desempenho o autoritarismo é comum em árbitros mal sucedidos. Aqueles identificados como bem sucedidos geralmente são: seguros, autoconfiantes, com energia, espontaneidade e ajustados socialmente.
Sobre as exigências da função de árbitro é necessário um bom preparo tanto físico, quanto psicológico para que os mesmos possam tomar decisões importantes em pouco tempo e ainda sob pressão. Diante desta realidade pode-se assumir que a arbitragem é uma função estressante e, que ainda, é uma segunda ocupação, pois além de dirigir as partidas os árbitros convivem com uma organização semi-profissional já que precisam exercer outras funções para "ganhar a vida".
Este é um dos direcionamentos apontados por Riera (1989) para melhorar o contexto da arbitragem: a profissionalização da arbitragem, isto porque ela requer uma grande dedicação, o que não é possível se o árbitro tiver que se dividir com outras funções. Além disso, o autor sugere que ações devem estar voltadas para melhorar a formação e competência da arbitragem - a formação não se deve resumir a estudos de regras, mas também trabalhos psicológicos, e conhecimentos de mais aspectos que envolvem esta área. De maneira complementar Riera afirma, também, que é importante educar a sociedade para ter mais respeito com os árbitros.
Neste sentido os meios de comunicação exercem um importante papel já que se constituem em poderosas fontes formadoras de opinião. Segundo Borelli e Neto (2004)4, o jornalismo cria mecanismos para fazer julgamentos, avaliações de pessoas envolvidas no mundo esportivo. Ele tem regras próprias para narrar, apresentar, expor, enfim discorrer sobre o esporte, de forma singular; para tal é necessário que os jornalistas tenham conhecimentos tanto do campo jornalístico, como também das especificidades do mundo esportivo, como regras, funções, características, códigos, e outros.
Erbolato citado por Borelli e Neto (2004), defende que o jornalista deve conhecer as regras e regulamentos da maioria dos esportes para que, ao redigir sua matéria, possa aplicá-los convenientemente. Mas os árbitros de Futebol, ao contrário, queixam-se do despreparo da imprensa esportiva, quanto aos conhecimentos das técnicas e regras da Arbitragem de Futebol, segundo eles, os jornalistas falam sem conhecimento de causa. Criticam muito, mas sem respaldo do conhecimento.
A mídia tem uma responsabilidade muito grande neste clima de desrespeito aos árbitros e estimulação de briga entre as torcidas, porque através deste veículo é construída uma rivalidade agressiva. Fazer circular nos jornais manchetes e notícias que estimulam o clima de guerra no esporte, com tanta rivalidade, faz deixar de existir o chamado "espírito esportivo". Acaba sobrando para o árbitro.
-continua-
1 comentário:
Muito boa a matéria, veja esta também sobre o mesmo assunto.
Grato.
http://www.professormauroviana.com.br/2011/07/estresse-na-arbitragem-de-futebol.html
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