sábado, 25 de abril de 2009

NAQUELE TEMPO (XX)

Do exemplar 22 do Boletim O ÁRBITRO, de Abril de 1959, realça-se o seguinte:

A Comissão Central expressa a sua satisfação nos caminhos que está a traçar e apela à comunhão de intenções que devem existir entre si e os seus filiados. Também dá nota que, de harmonia com a legislação vigente (Decreto-Lei 40964/56, de 31 de Dezembro) também aos Árbitros é exigida a escolaridade obrigatória.
Fernando Campos, do Brasil, afirma que a Federação Paulista de Futebol tem o seu Departamento de Arbitragem, há muito tempo, acéfalo e sugere que à sua frente, para gerir os seus destinos, esteja homem capaz, digno e conhecedor. -Iohan Bronkhorst (Holanda) e Ortis de Mendibil (Espanha) em Portugal-
Décio de Freitas dá nota que foi ao campo do Juventude Sport Clube (Évora), dirigir um encontro e na cabina da equipa de arbitragem leu o seguinte texto:
Atleta! Isto é para ti:
Não tomes ares importantes quando vences nem te inferiorizes quando perdes.
Saber ser moderado na vitória e conformado na derrota, classifica um autêntico desportista.
Não discuta com o Árbitro, pois ele é o único juiz e as suas decisões são irrevogáveis.
Nunca respondas com um insulto a outro insulto, nem com uma agressão a outra agressão.
Se o fizeres perdes imediatamente a razão que até esse momento tinhas para te queixar.
Noutra cabina como esta, os teus adversários têm neste momento as esperanças que tu tens. Luta lealmente com eles e não te zangues se as esperanças deles se realizarem e as tuas não.
As palavras que ouças nesta cabina, ditas por dirigentes ou orientadores, são amigas e para teu interesse.
Escuta-as, compreende-as e acata-as como as mais úteis, na certeza de que são para teu bem, mesmo que nem sempre sejam de elogio. Filipe Gameiro Pereira lamenta a morte de Reinaldo Torres, uma figura da arbitragem portuguesa, evocando a sua memória.
Noutra página: “Está de parabéns a arbitragem nacional!” é o primeiro parágrafo do título Notável êxito dos Árbitros portugueses no estrangeiro.

Eduardo Gouveia, que fez parte da equipa de arbitragem portuguesa que dirigiu em 11.04.1959 o encontro Inglaterra-Escócia, no Wembley, arbitrado pelo Mestre Joaquim Campos, sendo o outro auxiliar Hermínio Soares, inicia a crónica da viagem a Londres, descrevendo as peripécias que se verificaram desde a saída de Lisboa, via Paris. Patrício Álvares, conceituado jornalista e ex-Árbitro dos quadros nacionais escreve sobre Um deputado-Árbitro, relevando o facto que se passa em Inglaterra.

Na Agenda do Árbitro destaque para a fatalidade que atingiu o Mestre Francisco Guerra (Porto), dado que num mês, viu desaparecer três dos seus entes queridos, um dos quais o seu filho que faleceu dias depois da sua chegada da Suiça. O jornal desportivo Mundo Desportivo (fundado em Abril de 1945 e extinto em Maio 1980) comemorou mais um aniversário e o Notícias de Moçambique refere-se elogiosamente ao Boletim. Em Braga, o surto de gripe que apareceu afectou também vários Árbitros que tiveram de merecer o devido tratamento no leito. -Carlos Pinhão-
Carlos Pinhão, o príncipe da escrita, escreve sobre “O Árbitro foi imparcial”, assegurando que não está de acordo com este género de afirmação, considerando um pleonasmo de má nota e de flagrante mau gosto! Lourenço Simões, de Évora, observa a questão dos prémios de jogo, com o cabeçalho: Basta!
-Francesco Liverani, Itália-
A recolha de fundos para a família de Aureliano Fernandes atingiu a verba de 23.591$50. Francesco Liverani (Itália), foi o Árbitro estrangeiro escolhido para a rubrica de “Mês a Mês”.

Nas Curiosidades… do antigamente, recorda-se que o Árbitro inglês Artur Ellis propôs à FIFA a utilização pelos auxiliares de bandeiras amarelas e vermelhas, em vez do tradicional cor branca. A FIFA adoptou tal sugestão em 1951. O Árbitro francês que dirigiu a final do mundial 1958-Suécia foi vaiado em Paris quando dirigia uma partida de futebol ao ponto dos espectadores lançarem almofadas para o rectângulo de jogo. Quis abandonar a actividade, mas reconsiderou. Também se destaca uma história pitoresca quando no decorrer dum jogo no Estoril o Árbitro que dirigia a partida teve que assinalar grande penalidade. O seu filho de meia dúzia de anos, que ficou na bancada e à guarda de um seu amigo, irrompeu pelo campo e disse já junto ao pai: Oh, paizinho deixa-me marcar o “penalty”! “Pingos de Tinta”, de Augusto César de Jesus e “Caso de Consciência”, de G. Boyreau, membro da Comissão Central de Árbitro de França, são os dois últimos originais deste Boletim.

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