Graças à pesquisa de factos reais nas Ordens de Serviços do Comando Territorial Independente desta antiga província ultramarina portuguesa e reportando-se ao período em que por lá estive a cumprir serviço militar obrigatório (Junho de 1964 a Junho de 1966), apraz-me dar a conhecer alguns acontecimentos dignos de registo. Apreciem este primeiro caso:
Na OS 36/65, de 12 de Fevereiro, consta a seguinte punição: Que, por seu despacho de hoje, puniu com 3 (três) dias de detenção o 2º Sargento Miliciano Manuel Jorge Pires Fezes, do Pelotão de Artilharia Antiaérea 951 em virtude de “Como Comandante de uma patrulha que na noite de 8 de Fevereiro se deslocava na região da Praia das Conchas, tendo-se apeado da viatura em que seguia e vendo surgir um vulto suspeito que se dirigia para a patrulha, ter aberto fogo imprudentemente sem identificar previamente o seu alvo e arriscando-se assim a provocar um acidente grave. Do tiro executado resultou o abate de uma rês pertencente a uma propriedade particular.Tem como circunstâncias atenuantes: o seu bom comportamento anterior, ter participado a ocorrência assumindo as responsabilidades do seu acto e ter imediatamente tomado as possíveis medidas para que do acidente resultassem os menores prejuízos possíveis”. Infringiu os nºs. 5 e 38 do Artigo 4º do Regulamento de Disciplina Militar. Outros dados: 1. No dia 9 de Fevereiro, no dia imediato ao acontecimento, apareceu no Comando Militar o Alferes Carlos António Duarte Cachulo e Costa, comandante daquele Pelotão que estava estacionado no Aeródromo de São Tomé a queixar-se ao Chefe do Estado Maior, Major Alberto Alves Pinto Batista do acontecido (a morte da vaca) e o que é que tinha de fazer… Como eu estava por perto deles, ouvi o oficial superior responder-lhe de imediato: que lhe arranjasse uns bifes, pois era coisa que há muito não lhe passava pelo estreito!!! 2. Na altura o que se soube é que efectivamente o Sargento, ao ver o corpo estranho, disse em voz alta, como era habitual: QUEM VEM LÁ, FAÇA ALTO!!! Ora, como não teve resposta positiva, surgiu a reacção, ou seja, impediu que a “coisa” avançasse na sua direcção. Disseram-me ainda que foram ao quartel buscar o atrelado do jeep e que nele carregaram o bicho. Chegados ao acampamento esquartejaram a vaca e houve distribuição generalizada…
2 comentários:
Meu Caro Amigo,
Tenho de lhe agradecer este momento de deliciosa boa disposição. Ah! A "guerra" do Raul Solnado. Tão diferente das outras guerras onde Amigos nossos deixaram os sonhos, as ilusões, a inocência e até a Vida. Melhor que isto talvez só os BIFES do "inimigo"...
Um abraço.
Bem haja.
António Serrano
Olá "camarada" também estive no serviço militar no aeroporto de S. Tomé.Não tive bifes mas tive bananas que valeram uma carecada a mim e a mais meia dúzia de camaradas,porque uma bela noite resolvemos ir a uma roça roubar as ditas.Foi notícia do jornal em S. Tomé que dizia assim: a banana faz cair o cabelo que o digam os militares da AA.Abraço(ver youtube
http://www.youtube.com/watch?v=pdUk5NpYe6g
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