OS COMANDOS NOS TRÊS TEATROS DA GUERRA DO ULTRAMAR – PRESENÇA EM MOÇAMBIQUE (32º E ÚLTIMO EPISÓDIO)

 

GRUPO DE COMANDOS “OS SOMBRAS”

Os integrantes deste grupo de Comandos vieram de várias e específicas unidades que cumpriam já a sua missão em Moçambique.

A constituição do Grupo “Os Sombras”, a seguir descrita, evocando-se nomes, patentes e outros dados, só foi definitiva após os seus componentes terem frequentado voluntariamente o curso específico, com aproveitamento, durante 145 dias, iniciado em 13 de fevereiro de 1964 e terminado em 7 de julho de 1964, no Centro de Instrução de Comandos, na Namaacha, localizado a 76 quilómetros de Lourenço Marques, capital da então província ultramarina.

A existência e a operacionalidade deste Grupo de Comandos decorreram entre o final do Curso e o regresso à Metrópole, o que veio a acontecer acontecer em 8 de fevereiro de 1966, isto é, durante 581 dias.

Desconhece-se se este Grupo de Comandos tem a sua história e onde poderá ser consultada.

Um dos Grupos de Comandos formados em Angola adotou o mesmo nome: “Os Sombras”.

CONTINGENTE:  25 COMANDOS

COMANDANTE:

José Alexandre Gafarot Almeida, Alferes, CCAÇ 550

SARGENTOS:

César Alfredo Franco Lopes, 1º Cabo Miliciano 1252/63, EAMM

Hipólito Gomes Fernandes Alves, Furriel, CCAÇ 549

Joaquim Augusto Silveira Rodrigues, 1º Cabo Miliciano 1063/63, EAMM

José Manuel Baltazar Nunes, Furriel, CCAÇ 548

Manuel António Gonçalves Lima Souto, 1º Cabo Miliciano 1354/63, CIIBOANE

PRAÇAS:

Abílio Luís Reis Carvalho, Soldado 1453/63, CCAÇ 549

Amadeu Pinto Silva, 1º Cabo 1264/63, CCAÇ 549

Arlindo Fernando Jesus Cardoso, 1º Cabo 1200/63, CCAÇ 549

Artur Mão Ferro Lagarto, Soldado 1833/63, CCAÇ 549

Augusto Oliveira Vivas, Soldado 862/63, CCAÇ 548

Climério Cruz Domingues, 1º Cabo 609/63, CCAÇ 568

Domingos Filipe Guerra, Soldado 33/63, BCLMARQUES

Domingos Santos Marinheiro, Soldado 1813/63, CCAÇ 548

Ernesto António, 1º Cabo 1460/63, CCAÇ 550

Fernando Coelho Dias, Soldado 1424/63, CCAÇ 550

Isidoro Carrasco Conceição, 1º Cabo 2444/63, CCAÇ 536

João Silva Marques, 1º Cabo 1189/63, CCAÇ 548

Joaquim Afonso Moreira, 1º Cabo 55/RD, BCPAMÉLIA

Joaquim Couto Guedes, Soldado 1363/63, CCAÇ 549

Joaquim Sousa Moreira, Soldado 1165/63, CCAÇ 549

José Carvalho, Soldado 1179/63, CCAÇ 549

José João Marques Soares, Soldado 1183/63, CCAÇ 548

Manuel Silva Ferreira, 1º Cabo 2496/63, CCAÇ 536

-Faleceu em 10 de março de 1965-

Marcolino António, Soldado 1373/63, CCAÇ 550

Atividade operacional, comum aos 2 Grupos de Comandos: “Os Vampiros” e “Os Sombras”.

01.09.1964 – Foram os dois grupos destacados para Marrupa e Serra Mecula, onde estiveram 2 meses. Atuaram no Rio Rovuma, com nomadização, recolha de informações e localizar bases inimigas próximo da fronteira.

01.12.1964 – Os grupos voltaram a Marrupa, seguiram para Quilimane e, pouco depois, para Namarroi. Atuaram em Milange, Tacuane e Namarroi, onde passaram o Natal.

01.01.1965 – Realizaram operações em Nanhagaia, tendo destruído acampamentos, capturando armamento e causado baixas ao inimigo.

01.03.1965 – Os dois Grupos de Comandos estiveram na zona de Miteda-Muidunb, Cabo Delgado, durante 45 dias.

17.03.1965 – Operação apeada no itinerário Muatilde-Muidumbe, a apoiar dois pelotões da Companhia Caçadores 607, mas, por lapso e por fogo inopinado, veio a acontecer um grave acidente que vitimou mortalmente o 1º Cabo Manuel da Silva Ferreira feriu o 1º Cabo Manuel António Gonçalves Lima Souto e o Soldado Domingos Santos Marinheiro, todos do Grupo “Os Sombras”.

Decorreram, neste mês, ações de nomadização nos Rios Mapoedi e Nango, Nanhima e Muide, Lago N’Guri, Muatide e Nangoloto, Norte de Mueda, Sul de Muidumbe-Miteda, até ao Rio Messalo, tendo sido destruídos acampamentos, capturado e abatido elementos inimigos, assim como foi apreendido material de guerra ao inimigo.

23.04.1965 – Os dois grupos embarcaram no aviso “Bartolomeu Dias” para Lourenço Marques, onde chegaram a 29, no aquartelamento da Companhia de Caçadores 402, em Ponta Mahone, onde gozaram cerca de três semanas de férias.

01.05.1965 – Devido à ocorrência de problemas em Vila Cabral, os dois grupos foram mandados avançar, por via aérea, para Metangula, no Lago Niassa, passando por Nova Coimbra, onde ficaram cerca de 2 meses.

01.06.1965 – Nessa região realizaram operações conjuntamente com Fuzileiros Navais, e Paraquedistas, especialmente em Cobué, N’Gos e Mataca.

01.07.1965 – Regressam a Vila Cabral, ao itinerário Vila Cabral-Meponda onde montaram emboscadas. Passado algum tempo tiveram mais um período de recuperação em Lourenço Marques, onde ficaram até 6 de setembro.

13.09.1965 – Seguiram para Nampula para iniciarem a preparação da operação “Atum”, que teve como objetivo transportar do Lumbo ao Catur, por via férrea, e do Catur a Meponda, por rodovia, 6 lanchas, três de fiscalização, as “Marte”, “Mercúrio” e “Régulus”, 2 médias de desembarque, as “Saturno” e “Úrano”, e 1 pequena, a “Castor”, cada qual com cerca de 50 toneladas de peso. Os dois grupos de Comandos estiveram determinados a levar a efeito esta epopeia, fazendo a proteção somente por via férrea e numa extensão de 726 quilómetros, em 3 colunas, de ida e volta, durando cada uma um mês! A parte da rodovia foi feita por outras forças militares. Naturalmente que os dois Grupos de Comandos receberam rasgados e enormes elogios pelo serviço levado a efeito e a sua superior conduta militar em todas as ações que desenvolveram. Esta tarefa terminou em 19 de dezembro de 1965.

01.01.1966 – Os Grupos de Comandos terminaram a sua comissão nos primeiros meses do ano e regressaram à Metrópole.

NOTA: A operação “Atum” mereceu um tratamento especial do desenhador A. Vassalo, pois conseguiu que ficasse perpetuado o registo desta odisseia num livro de banda desenhada. Assim, conjuntamente com Alpoim Galvão, deram-lhe o título “Do Índico ao Niassa”, obra com 56 páginas e editado em 2010, pela Comissão Cultural da Marinha, cuja capa e uma tira aqui se divulgam.

António Manuel Constantino Vassalo de Miranda, de seu nome completo, natural de Vila Franca de Xira, foi Furriel Miliciano na Companhia de Cavalaria 487 (Batalhão 490), mobilizado pelo Regimento de Cavalaria 3 (Estremoz), para a Guiné, onde cumpriu o serviço militar entre 22.07.1963 a 12.08.1965. Entretanto, frequentou com aproveitamento em 1964 o Curso para Comando no referido território tendo feito fez parte do Grupo “Os Panteras”, assim como participou num Estágio Operacional em Angola. Destaque-se o facto de ter recebido um Louvor do Comandante das Forças Terrestres por ter participado na Operação “Tridente”, no Sul da Guiné, a mais complexa e alongada e aquela que, durante o conflito, envolveu mais meios humanos e bélicos.