quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A ARBITRAGEM NOS MUNDIAIS, 1974 – ALEMANHA (X)


A realização da fase final do décimo mundial, que se realizou na Alemanha, foi definida no 36º Congresso da FIFA, levado a efeito em Londres, em 6 de Julho de 1966, assim como também as duas competições seguintes, atribuídas à Argentina (1978) e Espanha (1982). -Nova e bonita-

Entre os dias 13 de Junho e 17 de Julho de 1974, as 16 equipas seguintes lograram efectuar 38 encontros (um recorde), utilizando os Estádios das seguintes cidades: Berlim, Dortmund, Dusseldorf, Estugarda, Frankfurt, Hamburgo, Hannover, Gelsenkirchen e Munique. Eis as selecções que estiveram presentes: Alemanha Oriental, Argentina, Austrália, Brasil, Bulgária, Chile, Escócia, Haiti, Holanda, Itália, Jugoslávia, Polónia, Suécia, Uruguai e Zaire.
A equipa portuguesa, treinada pelo antigo magriço José Augusto, não conseguiu o apuramento, pois 2 vitórias, 3 empates e 1 derrota foram insuficientes para alcançar o objectivo. -Mascotes, o TIP e o TAP-

Os resultados que obteve, foram: CHIPRE, em casa (29.03.1972), venceu por 4-0, com golos de Artur Jorge, Humberto Coelho, Jordão e Nené. Fora, em 10.05.1972, repetiu a vitória, por 1-0, golo de Chico Faria. BULGÁRIA, empatou-se em casa, 2-2, em 13.10.1973, com Simões e Quaresma a marcarem os nossos tentos. Fora sofreu-se um derrota por 1-2, em 02.05.1973, tendo Nené feito o ponto de Portugal. IRLANDA DO NORTE, em casa, em 14.11.1973, empate por 1-1 (marcou Jordão) e fora, em 28.03.1973, foi repetido o resultado com Eusébio a marcar. -Estádio Olímpico de Munique-

NOTAS

A segunda partida entre Chile e União Soviética, na repescagem das eliminatórias, não foi disputada. Depois de empatarem sem golos em Moscovo, os europeus resolveram não visitar os oponentes, em protesto contra a ditadura de Augusto Pinochet. Alegaram que não reconheciam o seu governo – que derrubara o esquerdista Salvador Allende no ano anterior – e que o Estádio Nacional, onde seria realizada a partida de volta, era utilizado como prisão política pelo governo chileno. Sem rival, o Chile entrou em campo, deu o pontapé inicial e fez um golo contra a baliza vazia.
-Réplica da bola oficial-
Neste mundial detectou-se o primeiro caso de doping. O haitiano Ernest Jean Joseph, consumiu efedrina, substância proibida, e foi expulso do torneio. Dois dias depois de ter feito o primeiro e último jogo, com a Polónia, em 21 de Junho, foi obrigado a abandonar o Hotel onde estava a sua selecção, tendo regressado ao seu país, acompanhado pela temível guarda pretoriano do ditador Jean Claude Duvallier, que o recebeu no seu Palácio e determinou que fosse internado num campo de detenção clandestina onde foi selvaticamente torturado! Dois anos mais tarde recuperaria a liberdade. -No jogo final: da esquerda: o holandês Cruyff, o uruguaio Barreto, o inglês Taylor, o mexicano Archundia e o alemão Beckenbauer-

Face aos tristes acontecimentos que afectaram os Jogos Olímpicos de 1972, a organização entendeu por bem tomar precauções procedendo ao seguro dos espectadores, jornalistas, empregados e os conjuntos folclóricos que actuaram na cerimónia inaugural, em 4.000 dólares em caso de morte e 8.000 se houvesse invalidez. -Os capitães cumprimentam-se sob a atenção do Auxiliar Barreto-

Voltou a ser utilizada a bola Telstar, estreada no México, com uma inovação: totalmente impermeável. -John Keith Taylor, Árbitro inglês FIFA-

Os calções dos jogadores passaram a ter numeração correspondente às suas camisolas. -Golo da Holanda, no 2º minuto, por Neeskens-

O troféu que substituiu a Jules Rimet, passou a designar-se Taça Mundial FIFA, cujo modelo foi escolhido dentro 53 projectos apresentados por 7 países. O autor que ganhou o concurso, aprovado por unanimidade, foi o italiano Sílvio Gazzaniga, de Milão. A estátua tem 36 cms. de altura e pesa 4,970 quilos de ouro puro, maciço, de dezoito quilates. O seu custo ronda os 200.000 dólares e é o terceiro mais valioso do planeta, depois do Borg Warner das 500 milhas de Indianapolis e da America’s Cup Yachting.
A base da taça só suporta nomes dos vencedores até ao mundial de 2038. -A Holanda marcou primeiro-

A partir desta competição de 1974 a partida inaugural passou a ter a presença do campeão anterior. -Maier, guarda redes alemão, em grande-

De todos os países campeões do mundo, a Inglaterra foi o único a ficar de fora desta edição. Em compensação, duas equipes, que ainda não haviam realizado algo significativo na história da competição, tiveram o seu destaque: Holanda e Polónia. A seleção holandesa chegou à final. Foi uma campanha baseada na revolução táctica, graças ao técnico Rinus Michels. Implementou o ‘futebol total’, no qual os jogadores não tinham posições fixas. A equipa ficou conhecida como ‘carrossel holandês’. A adversária na decisão foi a anfitriã Alemanha Ocidental, então campeã europeia, que a venceria por 2 a 1, depois de levar um sufoco.
O título só não foi facturado de maneira invicta pela Alemanha Ocidental porque a outra Alemanha, a Oriental, a derrotou na primeira fase. Esse confronto entre os países vizinhos foi o único em todos os tempos.
-A Alemanha empata, também de grande penalidade, aos 25 minutos, por Breitner-

Já a Polónia começou a competição empolgada pela conquista da medalha de ouro na Olimpíada de 1972 e por ter vencido, nas eliminatórias, o grupo onde estava exactamente a Inglaterra. Na segunda fase (ou semifinal) da Copa, os polacos ficaram na segunda posição do grupo 2, atrás somente da própria Alemanha Ocidental. Mesmo sem poderem alcançar o troféu, tiveram motivos para sorrir. Lato foi o artilheiro e marcou o único golo da partida que valeu a terceira posição no torneio, diante dos brasileiros. -A partida ficava empatada-
A seleção do Zaire chegou à Alemanha com um grupo de bruxos para exercer influência espiritual e facilitar o trabalho inexperiente da sua equipa, mas não foram aceites pelos responsáveis da delegação zairense. Juntaram-se então à porta do Hotel e perante a imprensa mundial disseram que o treinador (Blagoje Vidinic) estaria a evitá-los para favorecer os seus patrícios jugoslavos... No dia 18 de Junho, no jogo com a Jugoslávia, foram cilindrados com o resultado de 9 a 0. -Johan Cruyff, o holandês tecnicista-
Já os brasileiros, tristes por não poderem ver Pelé em mais uma Copa, também passavam por uma seca de títulos que duraria duas décadas. -Alemanha marca de novo, por Mueller, ainda na primeira parte (43)-

Na final, a Holanda que perdeu o jogo com a Alemanha por 1-2, deu o pontapé de saída. Trocou passes e partiu para o ataque. Cruyff entrou na área e foi derrubado. Grande penalidade assinalada que Neeskens converte e a Holanda fez 1-0 sem que qualquer jogador adversário tocasse na bola!O goleiro italiano Dino Zoff tinha a sua baliza inviolável desde Setembro de 1972. Sua invencibilidade caiu durante o torneio, obra do atacante Manno Sanon, do pouco cotado Haiti. No total, Zoff ficou 1.172 minutos sem sofrer golos.O guarda-redes holandês Jongbloed gostava de jogar sem luvas e com a camisa 8.
-Gerd Mueller, o artilheiro alemão-

A Holanda foi a única seleção da história a bater, em um mesmo Mundial, os três grandes da América do Sul: Brasil, Argentina e Uruguai. -Final do jogo: Alemanha venceu!-

“Dream team” é um apelido carinhoso que a crónica esportiva e a torcida dão a algum equipa inesquecível. Nas Mundiais, apenas as selecções do Brasil – 1970 e 1982 – e da Holanda – 1974 – mereceram esse título. -A taça é nossa!-
No mundial de 74 a selecção da Holanda, apelidada de “laranja mecânica”, por causa da sua camisola, surgiu a jogar como se fosse um carrossel, uma táctica tão revolucionária que o olheiro da seleção brasileira, Paulo Amaral, fez um gráfico cheio de setas, cruzes e borrões indecifráveis, uma teia de riscos e rabiscos que só confundiu o técnico Zagalo, que comandava o escrete. -Treinador (Helmud Schoen) e capitão de equipa (Franz Beckenbauer) festejam-

Jairzinho, atacante da seleção brasileira de 66, 70 e 74, o "Furacão da Copa" do México, e o único jogador de uma seleção campeã a marcar em todos os jogos, além de levar o crédito de ter descoberto Ronaldo, o "Fenómeno”… -Campeões do Mundo!-

Jogos: 38 (recorde) -Gregorz Lato, polaco, rei dos marcadores-

Advertências: 85 (Alemanha Democrática, Brasil, Holanda e Jugoslávia, 10 cada. Argentina, 8. Chile, Polónia, Suécia e Uruguai, 5 cada. Alemanha Federal, Escócia e Haiti, 3 cada. Austrália, Bulgária, Itália e Zaire, 2 cada). -Brasil com a Alemanha Democrática (1-0)-

Expulsões: 5 (Austrália, Brasil, Chile, Uruguai e Zaire). -Argentina no jogo com o Haiti (4-1)

Melhor Marcador: Gregorz Lato, Polónia, 7 golos -Chile e Austrália (0-0)-

ARBITRAGEM

Foram 36 os Árbitros seleccionados para este torneio, o que constitui um recorde. Estiveram representadas todas as Confederações e os seguintes países: Alemanha (8), Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, Colômbia, Egipto, Escócia, Espanha, Gales, Holanda, Hungria, Inglaterra, Irão, Itália, México, Peru, Roménia, Russia, Senegal (2), Singapura, Sudão, Suiça, Turquia, Uruguai e Venezuela. -Escócia, 2 - Zaire, 0-

A arbitragem portuguesa não esteve representada devido aos acontecimentos resultantes da Revolução dos Cravos, que ocorreu em 25.04.1974. -Polónia vence Argentina por 3-2-

Repetentes neste mundial:
Davidson (1962 e 1970)
Marques (1966)
Tschenscher (1966 e 1970)
Barreto, Gloeckener, Loraux, Scheurer e Taylor (1970) -Expulsão do brasileiro Luís Pereira-

O INGLÊS John Keith Taylor, que dirigiu 3 partidas, foi o que mais amarelos exibiu: 8. Metade deles na final entre a Alemanha e a Holanda. Foi o primeiro Árbitro a assinalar grande penalidade em jogos finais e logo à equipa da casa e no primeiro minuto do desafio!

ABDEL MOHAMED HALIM, SUDÃO, ÁR=0 e FL=1.
ALFONSO GONZALEZ ARCHUNDIA, MÉXICO, 14.06.1934, AR=1 e FL=4.
ARIE VAN GEMERT, HOLANDA, 23.03.1929, AR=1 e FL=1.
ARMANDO MARQUES, BRASIL, 06.03.1930, AR=1 e FL=3.
AURÉLIO ANGONESE, ITÁLIA, 16.04.1929, AR=2 e FL=2.
BIRAME NDIAYE, SENEGAL, 20.06.1932, AR=0 e FL=3.
DJAFFAR NAMDAR, IRÃO, 02.07.1934, AR=1 e FL=1.
DOGAN BABACAN, TURQUIA, 05.04.1930, AR=1 e FL=2.
EDISON PEREZ NUNES, PERU, 14.04.1936, AR=1 e FL=2.
ERICH LINEMAYR, ÁUSTRIA, 24.01.1933, AR=2 e FL=2.
FERDINAND BIWERSI, ALEMANHA, 24.06.1934, AR=0 e FL=2.
GERHARD SCHULENBURG, ALEMANHA, 11.10.1926, AR=1 e FL=1.
GOVINAHSAMY SUPPIAH, SINGAPURA, 17.06.1929, AR=1 e FL=2.
HANS-JOACHIM WEYLAND, ALEMANHA, 29.09.1929, AR=1 e FL=1.
HEINZ ALDINGER, ALEMANHA, 07.01.1933, AR=0 e FL=2
JOHN KEITH TAYLOR, INGLATERRA, 21.05.1930, AR=3 e FL=2.
JOHN THOMAS, GALES, 22.06.1936, AR=2 e FL=2.
KAROL PALOTAI, HUNGRIA, 11.09.1935, AR=1 e FL=2.
KLAUS OHMSEN, ALEMANHA, 16.10.1935, AR=0 e FL=2.
KURT TSCHENSCHER, ALEMANHA, 05.10.1928, AR=1 e FL=3.
LUÍS PESTARINO, ARGENTINA, 28.05.1928, AR=1 e FL=3.
MOSTAFA KAMEL, EGIPTO, 07.11.1927, AR=1 e FL=2.
NICOLAI RAINEA, ROMÉNIA, 19.11.1933, AR=1 e FL=3.
OMAR DELGADO GÓMEZ, COLÔMBIA, 21.01.1941, AR=1 e FL=2.
PABLO SANCHEZ IBAÑEZ, ESPANHA, AR=1 e FL=2.
PAVEL KAZAROV, RUSSIA, 19.02.1928, AR=2 e FL=2.
RAMON BARRETO, URUGUAI, 14.09.1939, AR=2 e FL=3.
ROBERT HOLLEY DAVIDSON, ESCÓCIA, 19.07.1928, AR=1 e FL=3.
RUDI GLOECKNER, ALEMANHA, 20.03.1929, AR=1 e FL=2.
RUEDI SCHEURER, SUIÇA, 25.05.1925, AR=2 e FL=2.
TONY BOSKOVIC, AUSTRÁLIA, 27.01.1933, AR=1 e FL=2.
VICENT LLOBREGAT, VENEZUELA, 28.10.1932, AR=1 e FL=3.
VITAL LORAUX, BÉLGICA, 22.09.1925, AR=1 e FL=2.
YOUSSOU NDIAYE, SENEGAL, 20.06.1932, AR=1 e FL=0
WALTER ESCHWEILER, ALEMANHA, 20.09.1935, AR=0 e FL=2.
WERNER WINSEMANN, CANADÁ, 15.01.1933, AR=1 e FL=3.


Vídeo da Final:

http://www.youtube.com/watch?v=DsnK_4IWBWc&feature=related

Sem comentários: