terça-feira, 12 de julho de 2011

NAQUELE TEMPO (XLVII) – JULHO 1961

O segundo número da nova série do boletim O ÁRBITRO, o 49 (Ano V), de há 50 anos, trouxe uma pequena gralha, pois o cabeçalho diz ser de Agosto de 1961, quando assim não acontece. Mas vamos ao que de mais importante foi divulgado: TÍTULOS – Hugo Silva, na sua rubrica Da Secretária do Secretário escreve sobre o “Senhor NN”. Joaquim Campos fala da “Orgânica da Arbitragem em França”. “A Arbitragem em Lourenço Marques”, por Vítor Real. António de Oliveira Correia, de Setúbal, aborda o tema: “O Árbitro, o Homem e o Intruso”. De Braga, Diogo Manso assina o “4º Curso de Aperfeiçoamento Físico-Técnico dos Árbitros minhotos”. Carmo Lourenço, subscreve “Jornalismo e Arbitragem”. Dá-se conta de que os Árbitros de Aveiro procederam à recolha de fundos destinados aos militares que estão em Angola. O Árbitro viseense José Albano Pereira devolveu à sua Associação a quantia de quinhentos escudos que estava a ser-lhe paga indevidamente. Fernando Aragão, Octávio Ribeiro da Costa e Filipe Gameiro Pereira seguiram para Lilleshal (Inglaterra) onde vão assistir ao curso anual dos Árbitros ingleses. Foram imensas as mensagens recebidas na Redacção pela passagem do IV aniversário do boletim. O Sindicato Nacional dos Treinadores de Futebol convidou Joaquim Campos e Eduardo Gouveia para prelectores das leis do jogo no Curso de Treinadores, que conta com 70 alunos e as aulas em Lisboa e no Porto. Participa o novo horário da Secretaria da Comissão Central de Árbitros, assim como o início da venda do seu emblema de lapela, pelo valor de 7$50. Proximamente será posto à venda o emblema de pano para colocar na camisa, blusão ou casaco. Carmo Lourenço regressa de Nampula (Moçambique), viajando no “Príncipe Perfeito”. Pede-se aos assinantes que procedam à regularização das assinaturas de “O Árbitro”. Foram indicados à FIFA para fazerem parte dos seus Quadros na época 1961/62, os seguintes: Abel da Costa, Clemente Henriques e Francisco Guerra (todos do Porto), Décio de Freitas, Eduardo Gouveia e Joaquim Campos (todos de Lisboa) e Manuel Lousada (Santarém). Suplentes: Braga Barros (Leiria) e Raul Martins (Lisboa). Ramon Azón, conceituado Árbitro internacional espanhol, retirou-se da actividade devido ao limite de idade imposto no seu país (47 anos de idade), vai emigrar para os Estados Unidos onde poderá continuar a fazer o que gosta: arbitrar jogos de futebol! O Prof. Mihailo Andrejèvic, da Jugoslávia e membro da FIFA e o presidente dos Árbitros suiços A. Lindemberg, já assistiram a 2001 e 3005 jogos de futebol, respectivamente! O suíço Daniel Melett não pôde comparecer no Curso de Florença, devido a acidente de viação que o deixou muito mal tratado. Curiosas decisões assumidas no Curso dos Árbitros de primeiro plano na Suiça: Em nenhuma circunstância os filiados poderão saudar o público (!?); os Árbitros Assistentes não deverão assistir às cerimónias usuais que se verificam no centro do terreno antes de começarem os jogos, como troca de cumprimentos e escolha de campo, devendo retirar-se para a linha lateral (!!??). Também ficou claramente determinado que os Árbitros não poderão fumar nos balneários, no intervalo entre os dois meios tempos. Foi inaugurado no Cemitério do Alto de São João o mausoléu do Mestre Cândido de Oliveira, falecido em 23.06.1958, na Suécia, no decorrer do IV Campeonato do Mundo de Futebol, no exercício das funções de jornalista. Viagens, transferências, doenças e restabelecimentos físicos, exames em Coimbra, falecimentos, saudações do antigo Treinador José Valdivielso, regresso à actividade, foram os assuntos mais focados neste espaço. Guido Carvalho aponta que, no seu entender, os jogos dos escalões jovens deveriam ser dirigidos pelos melhores Árbitros que tinham por missão ensinar, mas ensinar dentro das leis do jogo, sem condescendências, ao contrário do que muitas das vezes acontece. Pede rigor, compreensão e aplicação integral das regras e regulamentação.
De Timor chega a notícia de que os novos membros da Comissão de Árbitros foram empossados. São eles: Capitão Vítor Manuel Medeiros Silva, presidente, Policarpo Anahory e António Alves Ferreira, vogais. Regista-se o bom trabalho feito pelo elenco cessante: Dr. Serra de Matos, Engº Corte Real e Fernando de Magalhães. Entretanto, comunica-se a participação de equipas de arbitragem nos seguintes encontros de futebol: Selecção Militar de Dili-Guarnição do navio francês “Francis Garnier (0-0), Matos de Sousa (Árbitro), auxiliado por Carneiro Cirineu e Rogério da Silva. Selecção Militar de Dili-Selecção da Armada da Indonésia (4-2), Rogério da Silva (Árbitro), acompanhado por Matos de Sousa e Carneiro Cirineu. Na partida com a selecção da ilha de Kupang (Indonésia), actuaram Matos de Sousa e Carvalho Guerra. PÁGINA DA COMISSÃO CENTRAL – É transcrita uma carta do filiado de Santarém Fernando Martins Velez a sugerir que os Árbitros possam contribuir monetariamente para o esforço que se está a fazer em Angola, com a sublevação verificada. A Direcção da Federação Portuguesa de Futebol destinou o dia 27 de Agosto como sendo o “Dia de Angola”, promovendo iniciativas relevantes cujas receitas serão inteiramente entregues para auxiliar as vítimas daquela revolta. Todos os intervenientes nestas manifestações abdicarão de quaisquer importâncias que, normalmente, teriam direito. O Plenário da Comissão Central conferiu ao seu filiado Manuel Lousada (Santarém) a seguinte deferência: “O Árbitro que mais se distinguiu no decurso da época 1960/1961”. Considerou, ainda, Árbitros-Revelações: Renato Soares dos Santos (Coimbra), e Manuel Joaquim Fortunato (Évora). Mereceram referência especial: João Pinto Ferreira (Porto), Manuel Antunes Neto e Aníbal da Silva Oliveira (Lisboa), Lourenço José Simões (Évora), Marcos dos Santos Lobato (Setúbal) e José Rosa Dias Nunes (Algarve). Na Tunísia, o presidente Habib Ibn Ali Burguiba ameaçou proibir o futebol se as claques não se conterem nos limites da decência e da cultura, perante os actos de violência que se verificaram. As grandes penalidades constituem sempre pontos de discórdia, pois que por mais justas que elas sejam assinaladas, raramente todos estão de acordo. Há que viver assim… O Árbitro espanhol Vicente Lorido, que dirigiu a final da Taça Generalíssimo só em 1960 é que ascendeu à primeira categoria, apesar de estar em actividade há 22 anos! Saber esperar é uma grande virtude… Mais uma sua referência: Não marcou sequer uma grande penalidade em toda a época! O dirigente da Comissão Central Luís Antunes Gaspar vai leccionar um curso de candidatos no Funchal a convite da Comissão local.
FESTA DE CONFRATERNIZAÇÃO DOS ÁRBITROS LISBOETAS – Foi um convívio que a todos marcou profundamente pela forma como tudo foi superiormente organizado e as prestações de cada qual que contribuíram para o êxito alcançado. Lamenta-se algumas ausências de vulto, que, com a sua presença, dariam outra ênfase ao evento.
O jogo de futebol, disputado no campo do Sport Lisboa e Benfica (Campo Grande), entre equipas muito aguerridas que alinharam da seguinte forma: Distritais (equiparam de escuro): Barbosa, Carvalho, Romão, Palmeiro, Correia, Otelindo, Bica (capitão e 1 golo), Bailão, Celso, Matos, Figueiredo, Gomes, Branco, Castro e Carlos Silva. Nacionais (camisa branca): Caetano, Fernando Campos, Salvador Garcia, Hermínio Soares, Maximino Afonso, Ilídio Cacho (capitão), António Bernardo, Evaristo Silva, Anacleto Gomes, Veloso, Carlos Dinis (2 golos), Agostinho Costa, Arménio Chapada, Barreiro da Silva e Feiteira da Silva (1 golo). Quem dirigiu a partida: António Rodrigues Santos, Fernando de Andrade e César de Magalhães. Este jogo foi ganho pelos mais credenciados por 3-1. Seguiu-se o sempre esperado repasto, com a presença de todos e mais alguns convidados, com destaque para as senhoras que se fizeram representar. Destaque-se a excelente organização da Comissão Organizadora (na foto), a qual foi constituída pelos colegas: Ilídio Cacho, Maximino Afonso, Arménio Cachapa, Rogério Crespo, José Bastos e Mário Santos. Ribeiro dos Reis, impedido de comparecer enviou telegrama incentivador. BIBLIOTECA – Terminou a campanha iniciada em Abril de 1960. Recebeu-se em numerário: 2.166$10. O primeiro classificado (ofertante de livros), foi José de Almeida, da Guiné-Bissau.O italiano Piero Bonnetto (na imagem em baixo), internacional, é o entrevistado neste exemplar.

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