sexta-feira, 21 de março de 2008

ARMINDO RODRIGUES PIRES – QUE SAUDADE, QUE DOR…

O meu grande companheiro, que comigo fez equipa durante tantos anos e em tantos campos de futebol do Distrito de Lisboa actuámos, deixou-nos na quinta-feira, dia 13 de Março, vitimado pela tal doença incurável. O funeral realizou-se dois dias depois para o Cemitério da Nazaré, sua terra adoptiva. Tinha nascido em 11 de Fevereiro de 1944.

Não me foi possível acompanhá-lo à sua última morada por só ter tido conhecimento deste infausto acontecimento no princípio da noite de domingo. Contudo, consegui expressar o meu sofrimento, expressando condolências, a seus familiares (Dª Maria Emília, viúva, Carla e Fernando, seus filhos e seu netinho, de 7 anos, também de nome Fernando).

O Armindo não era uma pessoa qualquer. Era o que se pode dizer um verdadeiro Amigo, um colega sempre pronto para corresponder à chamada, onde fosse necessária a sua presença. Nunca faltou a nenhuma nomeação. Tinha o seu negócio, mas assumiu comigo o compromisso de estar a tempo para que os jogos se iniciassem à hora prevista e isso acontecia! Por vezes, chegava ao campo em cima da hora e tinha menos de 5 minutos para se equipar! E fazia-o com celeridade, eficiência e aprumo e surpreendia-me todas as vezes que o fazia. Um cumpridor, um servidor da causa que tanto gostava. Se os acordos, mesmo verbais, são para se cumprirem o Armindo honrava-os como ninguém. A sua boa disposição era uma constante entre nós (o Armindo, o Pires Alves e eu) e nunca o vi tristonho, aborrecido ou maldisposto, bem pelo contrário, sempre optimista!

Mais triste estou por nada ter sabido do seu padecimento com a doença que o levou, que lhe apareceu em Dezembro, há meros 3 meses… Quando me deslocava ao campo do Camarate era habitual encontrá-lo e recordávamos as peripécias que passámos juntos, durante muito tempo. A nossa convivência era uma alegria pegada. Ao ponto de até brincarmos com o seu apelido, o Pires. Após os jogos, quando nos juntávamos para lanchar e eu levava a minha mulher e meu filho, de tenra idade, na mesa havia sempre a mais 4 pires… Ele, os meus e o Alves)… Mais um pequeno registo: A nossa equipa de arbitragem estava nomeada para dirigir dois jogos na mesma tarde, um no campo do Charneca às 14 horas e outro às 19 em Moscavide. Chegámos ao local do primeiro e, por não terem o rectângulo marcado, não houve jogo. Dirigimo-nos para Moscavide, onde haveria o segundo, onde, antes do nosso, realizava-se um encontro da 3ª Divisão nacional e um dos assistentes faltou. O Armindo ofereceu-se para actuar e fê-lo como sempre, com muita categoria. Quando terminou começámos a preparar o nosso que, também, não se efectuou por falta de policiamento… Conclusão: estávamos nomeados para dois jogos, que não se fizeram, e o Armindo actuou num que não estava indicado…

A Amizade que nos uniu por toda a vida nada teve a ver com o facto dele ser do Sporting e eu do Benfica, a diferença era motivo de franca harmonia. E o entendimento, o respeito, a cordialidade eram referências que cultivávamos e desenvolvíamos, sempre com humor e elevação que nos envolvia e aproximava cada vez mais.

Resta-me recordá-lo em vida. Resta-me sentir que perdi um Amigo, um companheiro de bons e maus momentos por que passámos numa altura conturbada do nosso Portugal, logo após o 25 de Abril. Resta-me curvar perante a sua memória e agradecer-lhe tudo o que fez por mim. Armindo, nunca te esquecerei!

E, para aqueles que, por diversas razões, não puderam acompanhar a tua carreira desportiva aqui divulgo, com muito gosto, as crónicas do jogo mais importante onde actuámos, a final da competição de Amadores, realizada em 5 de Julho de 1975, entre duas equipas do Casal Ventoso, o Lisboa Futebol Clube (fundado em 1934) e o União Desportivo Clube (f. 1953), no Estádio Engº Carlos Salema (Oriental). Em primeiro lugar A Bola, depois o Record e o Mundo Desportivo. Nota: O hábito dos Pires também chegou a este último periódico, envolvendo o apelido aos três elementos da equipa de arbitragem. Coisas…

Contudo estes documentos têm uma história que vale a pena contar, conforme carta que enviei aos colegas que comigo estiveram neste jogo, com data de 2 de Agosto de 2006. A saber:

Mais vale tarde do que nunca… Dado que desde actuámos na célebre final de amadores (já lá vão 31 anos…, como o tempo passa!) pretendi obter os recortes das notícias que se referiam ao jogo Lisboa-União, mas, pelas causas mais diversas, só agora – nas minhas férias – é que me foi possível concretizar esta velha ideia. Por tal atraso as minhas desculpas… Realço a colaboração fraterna, amiga e leal que recebi, não só nesta partida, como nos restantes jogos onde colaborámos, razão pela qual a Amizade perdura, cada vez mais forte e duradoura. Assim, é com gosto redobrado que anexo cópias com as referências que fizeram divulgar. Saudações do sempre amigo, Alberto Helder.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito obrigada pela homenagem prestada a meu pai.
Sei que onde ele estiver, vai estar muito orgulhoso e contente de saber que tem pessoas, tal como o Srº, que nunca o vao esquecer.

Um beijo muito grande e agradecimentos de toda a familia

Carla Pires