sexta-feira, 24 de junho de 2011

NAQUELE TEMPO (XLVI) – JUNHO 1961


Com novo visual a partir deste exemplar, o 48 (Ano IV) do Boletim O ÁRBITRO, editado pela Comissão Central dos Árbitros de Futebol, aqui se relata o que se passou há 50 anos: Diz o director, Dr. Décio de Freitas, que o boletim saiu de uma adolescência feliz e que irá entrar num ciclo de maiores responsabilidades e deveres em cumprir fielmente os objectivos traçados na sua criação, graças à ajuda voluntária de todos aqueles que tem trabalhado neste periódico de informação e formação para os Árbitros. A-propósito do 4º aniversário oito insignes figuras de desporto nacional deram a sua opinião, como a seguir se sintetiza: VALADÃO CHAGAS (Director-geral dos Desportos)-Felicita o Boletim e entende quão é difícil a tarefa do Árbitro. FRANCISCO MEGA (presidente da Federação Portuguesa de Futebol)-O Boletim é um elo forte de ligação com aqueles que serve. PACHECO NOBRE (presidente da Associação de Futebol de Lisboa)-É um valor incalculável e o paladino da arbitragem. FERNANDO PIMENTA (presidente da Comissão Central de Árbitros de Futebol)-Publicação útil e deveras importante para o mundo da arbitragem. COELHO DA FONSECA (Ex-presidente da Comissão Central de Árbitros de Futebol)-Diz que “O Árbitro” desempenha bem a missão para que foi criado. GAMEIRO PEREIRA (Ex-presidente da Comissão Central de Árbitros de Futebol)-Os quatro anos são uma vitória, pois sempre acreditámos no seu valor. FERNANDO FÉRIA (presidente da Comissão Distrital de Árbitros de Lisboa)-Tem a função de valorizar os Árbitros e estreitar o relacionamento com os Árbitros. RIBEIRO DOS REIS (membro da Comissão de Arbitragem da FIFA)-Aplaude a magnifica publicação e a concretização dos objectivos a que se propôs. A ACTIVIDADE NAS COMISSÕES DISTRITAIS – FUNCHAL, preconiza-se que os Árbitros metropolitanos possam gozar férias na Madeira e aí exercerem as funções de instrutores nos cursos de candidatos. Juntar o útil ao agradável, claro… BRAGA, levou a efeito na cidade de Viana do Castelo os exames finais de candidatos cujos monitores foram: Rogério Moreira e Carlos Cachorreiro. LISBOA, a cerimónia de encerramento do Ciclo de Palestras (foto acima) promovido pela Comissão Distrital de Lisboa revestiu-se de excepcional brilho com a presença de personalidades ligadas ao desporto-rei e de muitos assistentes. Adelino Barbosa Ramos, de Luanda, coloca a seguinte questão: A bola saiu pela linha de baliza tocada em último lugar por um jogador que defendia essa zona. Um adversário sai do rectângulo por esse lado para ir buscar a bola que de seguida a entrega ao colega executante, o qual repõe a bola em jogo de imediato. Aquele que foi buscar a bola entra no terreno de jogo e pontapeia o esférico, mas, nesse momento, o Árbitro interrompe o encontro alegando fora-de-jogo e comportamento incorrecto por ter saído deliberadamente do campo. Certo ou errado? O responsável por esta rubrica, David Costa, responde: Errado, claro! Já que naquele recomeço da partida não existe a falta que assinalou e o facto do jogador ter procurado a bola que tinha saído não é motivo para considerar qualquer incorrecção da sua parte. Viagens, falecimentos, felicitações, emigração, nascimentos, alteração em equipa de arbitragem, alteração de residência, e, por último, a Direcção dos Serviços de Censura comunica a mudança de instalações, assim como o local da entrega de provas e o seu levantamento.
TÍTULOS – Carmo Lourenço assina “Para bem arbitrar”. Lourenço José Simões, de Évora, aborda “Auguramos”. O dirigente da Comissão Central Luís Antunes Gaspar escreve “Respondendo a determinado sector da crítica”. Manuel Luís, de Lisboa, faz o “Agradecimento dos Árbitros da Capital”. F. Monteiro Alves destaca “O futuro da arbitragem portuguesa no panorama internacional”. “Mosaicos da arbitragem” de Barros Araújo, de Luanda. Vítor Real relata “Uma viagem a Angola, com os futebolistas angolanos”. “Coisa vã: A independência do Árbitro, por Diogo Manso. António de Oliveira Correia menciona “A Obstrução consentida”. Alberto Martins, de Portalegre, descreve “O passado e o futuro”. “As erradas visões e as suas consequências” é o título escolhido por Joaquim Ramos Cavaleiro para relatar o que se passou em Viseu no encontro Clube Académico de Futebol-Grupo Desportivo Vitória Cernache, realizado em 28 de Maio de 1961, em que a equipa de arbitragem, que actuou com autoridade, imparcialidade e acerto, foi envolvida em actos de violência sem ter contribuído para tal. ASSIM VAI O MUNDO DA ARBITRAGEM – Muitas nomeações a nível internacional para Árbitros que estiveram recentemente entre nós a dirigir jogos de equipas de clubes portugueses nas provas europeias. Entretanto, em França, no decorrer do jogo Vallenciennes-Grenoble o conceituado Árbitro FIFA Marcel Lesquene validou um golo assinalado pelo seu assistente. Contudo, todo o mundo diz que a bola não ultrapassou o risco de baliza da equipa visitante. Como jogo foi à noite, os dirigentes de quem perdeu (claro…), pediram que o auxiliar fosse sujeito a um exame oftalmológico, dado que há indivíduos susceptíveis de deturpar os acontecimentos por inadaptação à luz artificial!... O Árbitro suíço Fritz Schorer é um dos principais redactores da revista “L´Arbitre Suisse”, órgão oficial da Associação de classe, que agradeceu a recepção do nosso último Boletim. TEM A PALAVRA UM JORNALISTA – O convidado deste mês é o profissional Guilhermino Rodrigues (na foto) que desenvolve o tema: “Se todos nós erramos…” A informação de que vai levar a efeito de 2 a 8 Julho de 1961 e em Florença (Itália) o Curso para Árbitros internacionais, estando convocados 38 Árbitros de outros tantos países europeus, africanos, americanos e asiáticos. Portugal foi representado por Joaquim Campos.
Em Viseu, no decorrer duma partida da III Divisão Nacional verificaram-se actos de violência que envolveram indevidamente a equipa de arbitragem, com os seus elementos a serem atingidos com pedras lançadas pelos adeptos da equipa visitada. Isto devido à forma negativa como foram recebidos noutros campos. Mas porquê também os Árbitros? Contudo, este acto de vandalismo não teve consequências mais gravosas para devido à intervenção enérgica e decisiva de Joaquim Ramos Cavaleiro que deu todo o apoio aos seus colegas. Destaca-se o papel dos Treinadores, que deveriam ser os primeiros a não complicar as tarefas dos Árbitros, mas que por vezes tal não acontece. Em termos disciplinares alguns foram punidos, mas não é essa a via que se deseja, se não o civismo e o desportivismo. Ainda há um bom número de líderes que sabem compreender a difícil tarefa do Árbitro. Também os dirigentes de clubes só sabem culpar as derrotas das suas equipas culpando o Árbitro. Já alguma vez se leu que tivessem apontado responsabilidades aos seus jogadores quando não produzem ou o fazem mal? Álvaro Rodrigues, Árbitro conimbricense e internacional vai voltar à actividade, depois de se ter afastado durante alguns meses. Jornalista critica o modo de funcionamento da Comissão Central de Árbitros, mormente o pelouro das nomeações, alegando que não são feitas com critério firme e justo. Enfim, este assunto está sempre na moda. Será que este profissional da escrita se fosse dirigente da arbitragem seria capaz de fazer melhor? Dá-se conta da realização de Cursos para Instrutores de Árbitros filiados na Federação Suiça. Também do Brasil chega a notícia das condições necessárias para ingressar na carreira, das quais se destaca o seguinte conjunto de provas de selecção para os candidatos. HABILITAÇÃO: redacção de uma carta; resposta a um questionário de noções elementares sobre futebol; solução sobre uma expressão aritmética com as quatro operações. CONDIÇÃO FÍSICA: Provas práticas de 50 metros em menos de 10 segundos; 600 metros em 4 minutos e, surpresa das surpresas, saltar em altura, pelo menos um metro. SAÚDE: exame clínico e de visão; exames de laboratório; exame radiográfico de coração e pulmões. PSICOLOGIA: Teste psicotécnico. ENTREVISTA – Eduardo Gouveia entrevista o presidente da Comissão Distrital de Árbitros de Futebol do Funchal, João Maria Perestrelo (na foto de chapéu). Anuncia as primeiras medidas a levar a efeito junto dos seus filiados, como estimulá-los no desempenho das suas funções, maior cuidado na sua preparação para os jogos, quer física quer intelectual, incutir-lhes personalidade e autoridade, elementos para ser conhecedor absoluto das regras de jogo, irá insistir para que os madeirenses possam dirigir jogos no Continente, se possível, começando nas eliminatórias da Taça de Portugal.
TAÇA DE PORTUGAL – Na eliminatória disputada em Benguela (Angola) entre o clube local e o Sporting de Lourenço Marques (Moçambique) a equipa de arbitragem foi assim constituída: A partir da esquerda Vítor Real, de Lourenço Marques (Assistente), Luciano Calado, de Benguela (Árbitro), e José Monte, do Lobito (Assistente). JOGO ENTRE SELECÇÕES – As turmas da Guiné-Bissau e de Cabo Verde defrontaram-se em Bissau, sob a direcção da equipa de arbitragem dirigida por José Canhão, ao centro, e pelos auxiliares Adriano Neto e Carlos Silva. AQUI VISEU – “Um Árbitro às direitas”, é o título que Ramos Cavaleiro escolheu para definir o jovem que dirigiu (e bem) um jogo de futebol de cinco, José Paulo (na foto) de seu nome e com 12 anos de idade. “A Arbitragem visiense progride”, é o que afirma o adolescente Octávio Matoso Galveias, que destaca três pontos principais a que o Árbitro deve atender: Agradar ao público, agradar aos jogadores e atender a justiça em todos os aspectos. “O que significa?”

Poema escrito por Augusto Filipe Machado.

Quando pela primeira vez
O meu apito soar.
Serei tranquilo? Talvez!...

Mas serei? Assim me saia,
Ou vestindo armadura
Temendo feroz tocaia?

Ou então quimérico
Ao olímpico futebol
Subirei, anémico

Tem graça. Mas não sei
O que significa! Num
Apito, jamais peguei.
BIBLIOTECA – É apresentado mais um balanço desta iniciativa que conta com 1.654$10 em caixa e o dador que mais contribuiu, em termos de ofertas de livros, continua a ser António Jesus Santos Júnior.

DOIS NOME… UMA SÓ VONTADE! – A Comissão Distrital da Associação de Futebol de Braga tem trabalhado em prol dos seus filiados duma forma tal que é merecedora dos mais rasgados elogios. Tal resultado deve-se à aplicação objectiva, rigorosa e desinteressada dos dirigentes António Pedro Gomes Moreira e Manuel Sebastião Martins Júnior, a quem expressamos o nosso regozijo por conseguirem os seus propósitos, independentemente dos problemas que lhes tenham surgido no caminho.

AGRADECIMENTO – Graças aos dedicados amigos e categorizados artistas foi possível melhorar substancialmente o aspecto gráfico do Boletim. A Carlos Resende e Manuel Vieira aqui se expressa o nosso bem-haja!

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