quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

INSÍGNIAS DA FIFA ENTREGUES PELA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE FUTEBOL


Numa cerimónia protocolar realizada ontem no auditório Manuel Quaresma, saudoso companheiro já desaparecido, a FPF, através dos seus representantes e alguns das Associações, procedeu à entrega dos emblemas que credenciam as Árbitras, os Árbitros e Árbitros Assistentes internacionais portugueses nos grandes acontecimentos de cada variante (Futebol, Futsal e Futebol de Praia), durante este ano que se iniciou.

Estiveram presentes, para além dos galardoados, algumas pessoas, entre elas o Mestre Joaquim Campos que, mais uma vez, não foi chamado para, simbolicamente, entregar um distintivo sequer, dos 23 que foram concedidos... Vinte e uma épocas internacional, presença em dois campeonatos do mundo… É pena, tanto deu à arbitragem, ao futebol português e já ninguém (dos que dirigiram a sessão) se lembra dele. É triste! Para mais é um Sócio de Mérito da Federação, muito ilustre e que recentemente até a Cidade de Lisboa lhe atribuiu a Medalha Municipal grau Ouro.

Quanto a mim, para além de continuar muito orgulhoso de ter a honra de ter sido o Formador de quatro dos actuais FIFAS, Duarte Gomes, Pedro Proença, Tiago Trigo e João Almeida (já lá vai o tempo de Vítor Pereira, que terminou a carreira internacional em 2002, e de Gustavo de Sousa, recentemente, em 2007), expresso votos de felicidades a todos e que tenham actuações e comportamentos que prestigiem e dignifiquem a arbitragem portuguesa aquém e além fronteiras.

Já agora, a-propósito, e falando de internacionais dou conta que no ano passado, pela primeira vez, a FIFA aceitou e escolheu Árbitras da variante de Futsal para os seus quadros. Na altura foram aceites as candidaturas dos nomes indicados pelo Brasil (4), Peru (2) e Venezuela (2). Agora, para 2008, atribuiu as suas insígnias a Árbitras de mais 5 Federações: China (2), Espanha (1), Hungria (1), Itália (1) e Venezuela (2), perfazendo um total de 14 Árbitras internacionais de Futsal. E Portugal? Estamos à espera de quê?

Será que duas jovens Árbitras portuguesas, a Filipa e a Sandra ambas filiadas no Conselho de Arbitragem do Porto, não terão categoria igual ou superior às suas colegas estrangeiras? Repare-se nos seus currículos:

Filipa Isabel Sousa Pereira dos Santos (N. 22 de Junho de 1978), profissionalmente é Professora do 1º Ciclo e está colocada na Escola Francesa (Porto). Licenciada, frequenta actualmente Curso de Mestrado. Árbitra da 1ª Categoria Nacional desde 2001/2002 (há 7 épocas ininterruptas), depois de ter ingressado na arbitragem com 17 anos de idade, em 1995/96, ascendeu em 1998/99 à 3ª categoria e, na época seguinte, à 2ª categoria onde se manteve 3 épocas. Quanto à experiência adquirida e como se depreende já dirigiu dezenas e dezenas de jogos nacionais e distritais. É Monitora da FPF (2003) e colabora com a Associação do Porto, não só como Formadora, como membro da Comissão Técnica. E, pasme-se, é Instrutora FIFA (2006), que a nomeou para ir à República do Irão formar Árbitras de Futsal com vista aos IV Jogos Islâmicos de Solidariedade. Foi um sucesso esta sua participação. Línguas estrangeiras: Francês e Inglês.


Sandra Maria Novais da Silva (N. 18 de Março de 1976), profissionalmente é Coordenadora em Higiene e Segurança no Trabalho e Ambiente. Árbitra da 1ª Categoria Nacional desde 2006/07, depois de ter ingressado na arbitragem com 20 anos de idade, em 1997/98, ascendeu à 3ª Nacional em 2003, onde esteve 2 épocas e, em 2005/06, à 2ª Categoria. Entre os jogos de maior relevância em que tem participado, bastantes exigentes e competitivos face à qualidade das equipas nos campeonatos nacionais, destaque-se a Supertaça 2007/08, entre o Sporting de Braga e o Benfica. É ainda membro da Comissão Técnica da variante na Associação de Futebol do Porto. Quanto a línguas estrangeiras domina o inglês e o alemão. Esta época faz equipa com a também jovem Tânia Teixeira, actualmente na 2ª categoria nacional.

Não será tudo isto o mínimo para serem indicadas no próximo ano à FIFA? No meu entender já se perderam dois anos e o trabalho que estas jovens têm desenvolvido não merecem o tratamento que a FPF lhes deu até agora. Ignorou-as pura e simplesmente…

Com elas vai acontecer o mesmo que se verificou com as colegas do Futebol de 11! Isto porque, recorde-se, em 2002 houve que alertar o Conselho de Arbitragem da FPF, após ter-se elaborado estudo independente nesse sentido, para que analisasse a questão e indicasse à FIFA Árbitras portuguesas (Futebol 11), já que muitos países extremamente mal classificados no ranking mundial tinham Árbitras e Árbitras Assistentes. Só Portugal é que não… Passados 2 anos, em 2004 é que foram admitidas as duas primeiras, a Berta Tavares, de Vila Real e Sandra Brás, de Aveiro, que têm demonstrado no Estrangeiro o valor das Árbitras portuguesas. Mais tarde, em 2007, Márcia Pejápes, de Leiria foi indicada à FIFA e é a terceira mulher a ostentar o ambicionado escudo. E, já agora, quando é que temos Árbitras Assistentes portuguesas internacionais? Para quando a afirmação da arbitragem feminina no futebol português? Atingir a internacionalização é um forte estímulo para quem anda na arbitragem, principalmente as jovens. A Federação Portuguesa de Futebol tem de trabalhar mais e melhor para proporcionar e incentivar este supremo objectivo. Não basta debitar palavras circunstanciais ao presente, quando não se liga ao passado e não se prepara o futuro…

Sem comentários: