quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

SILVESTRE ROSMANINHO – O NOSSO SEGUNDO ÁRBITRO FIFA

-Jogador de futebol -
Este antigo aluno da Casa Pia (registado com o número 3.539), comemorava hoje o seu aniversário de nascimento. Jogador da primeira equipa do Casa Pia Atlético Clube, que em 1920/21 se sagrou campeã de Lisboa sem derrotas, foi, mais tarde, Árbitro de Futebol, membro do Conselho Técnico da Associação de Futebol de Setúbal e dirigente da Liga de Natação e da Federação Portuguesa de Futebol, onde também exerceu as funções de delegado do Funchal e de Angola no Congresso da Federação Portuguesa de Futebol.

Silvestre Augusto Rosmaninho, de seu nome completo, nasceu na Freguesia da Sé Velha, em Coimbra, no dia 31 de Dezembro de 1896 e faleceu 10 de Agosto de 1987. Foi Vereador da Câmara Municipal de Almada em 1950 e, profissionalmente, foi Adjunto do Intendente-geral de Abastecimentos.

-Árbitro-
Entretanto, segundo se apurou, iniciou-se na arbitragem em 1927 e aviva-se que em 26 de Abril de 1931 (domingo) dirigiu em Barcelona, no Estádio Montijuich, o encontro Espanha-Irlanda (1-1), tornando-se, então, o segundo Árbitro português a atingir a internacionalização, sucedendo a Jorge Vieira, que chegou a ser o capitão da equipa principal do Sporting Clube de Portugal.

Em 1934 foi fundador do Colégio de Árbitros de Lisboa e do Colégio Nacional de Árbitros. Autor de regulamentação para o sector. Era o sócio auxiliar da Associação de Futebol de Lisboa (nº 647), embora não tenha exercido qualquer cargo de dirigente.

-Palestra antes do jogo se iniciar-
Como dirigente da FPF fomentou os primeiros cursos e palestras sobre arbitragem, e defendeu e conseguiu, após luta acesa, que o trabalho dos árbitros fosse remunerado.

Registe-se que na revista Stadium de 11 de Dezembro de 1935, a propósito do conflito entre a AFL e os Árbitros escreveu: “o Árbitro pelo facto de receber remuneração pelas suas arbitragens não é um empregado. É um desportista nobre, a quem, afinal só o muito desportivismo convence a descer a um campo onde nem sempre é devidamente tratado. Esta fobia contra os Árbitros reside na necessidade que os clubes têm de justificar as derrotas dos seus teams. Para eles os Árbitros não podem ter uma má tarde”…

-Ao centro, de branco-
Entretanto, Pargana fez-lhe o desenho que acompanha esta homenagem e o Rapaz do Marcador, dedicou-lhe, em Janeiro de 1942, os seguintes versos:

Inda há bem pouco tempo pude recordar
O silvo autoritário deste juiz,
Desse tempo distante, mais feliz,
De Palhavã, Benfica e Lumiar.
Tinha ele, então, menos uns quinze abris,
Barriga mais modesta, mas mais ar…
Não era de torcer, antes quebrar!
Muito senhor, até, do seu nariz.

Penso ao ver hoje tanto juiz aflito:
Como era diferente isto tudo dantes!...
E se me ponho, enfim, a comparar…

Ai que saudades tenho desse apito
E dessas sobrancelhas arrogantes
(porque este, enfim, tinha-as no seu lugar).

-Outubro de 1959-
NOTA: Este trabalho só foi possível graças ao jornal O Casapiano e ao seu editor de Cultura e Desporto, Helder Tavares, a quem muito agradecemos.

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